088 – 26º Dia, a Caminho da Roça Agostinho Neto
Despertador às 5h, uma hora mais tarde do que habitual, mas dada a agitação de ontem à noite – às 10 ainda acordada – é melhor assim.
Finalmente passei uma noite sem barulhos, de qualquer forma. A revista com o segurança Abílio surtiu efeito. Fosse o que fosse, foi afugentado.
Partida às 6h15. Hoje o destino é a Roça Agostinho Neto. Conforme se vê na linha azul em baixo, tenho uma subida já no início, mas depois é tudo a descer. Vou pelo caminho já meu conhecido, através de Santa Margarida e Boa Entrada. São caminhos de terra e pedras, bons para bicicleta de BTT. Se escolhesse caminhos de carro – lá em cima, no canto superior esquerdo – mandar-me-ia por um caminho totalmente diferente, pela cidade de São Tomé, sempre com estradas alcatroadas.
Depois de subir 3 km em alcatrão, chego ao cruzamento para Madalena e já sei o procedimento: guardar o cantil de água na mochila. Porque agora é a descer por terra e pedras e eu, já conhecendo o caminho – onde passei nas crónicas 40 e 53 – vou acelerar. E o cantil cai, se estiver no suporte da bicicleta. Vou ter que resolver isto quando chegar a Lisboa.
Fui visitar as pessoas com quem tirei uma foto no primeiro dia que aqui passei (crónica 40). Agora estão a registar o meu nome, para verem mais tarde as fotos no Facebook. Comentam que hoje é mais tarde, que eu costumo passar mais cedo. Ora bem!!!
As pessoas cumprimentam-me efusivamente, ao passar na bicicleta: “Amiga! Amiga!” Já não sei se me conhecem. Também me chamam “mana” e “mãe”.
“Nada na mochila para mim?”, perguntam-me algumas. Eu ando carregada na bicicleta com água e os mínimos necessários, não consigo andar carregada com coisas para dar!…, respondo-lhes.
Consegui testar os travões nestas descidas em terra seca. Estão bons, e derrapam com estilo. A satisfação emocional que dá travar com firmeza e segurança, numa bicicleta, é indescritível. Que bom ouvir o som da terra a raspar, e a bicicleta a resvalar como eu quero. Os travões não estão a 100%, diga-se, e o mecânico em Lisboa vai dar conta disso mesmo sem eu lhe dizer nada, mas estão a 90%, vá lá.
Só falta resolver o barulho “tac-tac” enquanto ando (quando carrego no travão é que desaparece – barulho esse que apareceu depois de mudar as pastilhas dos travões) e as mudanças da frente, que pifaram depois do Pico Cão Grande, por alguém ter andado nela, conforme contei na crónica 86. Hoje é o 26º dia da viagem, num total de 29. A minha bicicleta nunca tinha apanhado uma tareia destas, coitada.
Fui visitar a Erpe, a mãe do Rafael (da crónica 41), mas apanhei-a outra vez a tomar banho. Não nos vimos, falámos apenas através da porta, ela desejou-me boa viagem na sexta-feira. Hoje é terça-feira, estou na reta final.
Também fui cumprimentar o Wilson Pires, que teve a bondade de deixar-me ir à casa de banho, na sua casa de hóspedes, na crónica 41. Aqui está com a mulher e os filhos.
Maria Francisca Oliveira – é o seu nome. Acabei de conhecer. E tirar uma foto.