175 – Ainda na Plantação

Cravo. Aqui custei a perceber o guia. Disse-me em inglês: clove. Eu olhava para a árvore, o que de nada me ajudava. Não faço ideia o que significa “clove” e na árvore não vejo especiaria nenhuma pendurada… Então ele disse em espanhol: clavo. Bom, clove e clavo, deve ser cravo… E era mesmo. É o botão da sua flor, seco, que dá origem à especiaria. Explicou-me o guia que o óleo de cravo tem propriedades anti-sépticas e que é usado nos dentistas, para alívio da dor. Quanto à história, no início do século XVI um quilo de cravo equivalia a sete gramas de ouro.

Deixamos por uns breves momentos as especiarias. Misturadas com estas, na plantação, existiam plantas tropicais. Esta é uma heliconia, e usa-se normalmente para efeitos decorativos.

O guia disse-me que era uma “candle flower”. Fazendo uma breve busca na internet, surgem-me apenas velas perfumadas com formas de flores… Mas tenho ideia de termos esta flor em Portugal, ou não?

Não faço ideia o que é isto. O guia por esta altura já se mostrava um pouco apressado, aproximava-se a hora de almoço e eu andava demasiado entretida no meio das plantas a ver e a fotografar tudo.
(Nota: deverá ser o fruto “fisális”, que mostro também na crónica 26 de Timor-Leste).

Cacau. Na Wikipédia vem uma explicação curiosa sobre a origem da palavra “cacau” e depois “chocolate”. Foram os espanhóis que inventaram a palavra chocolate, depois de uma série de desenvolvimentos a partir da civilização maia: esta possuía dois vocábulos (kab e kaj), que numa mesma palavra formavam a expressão suco amargo (kabkaj). Assim, a bebida originada deste suco era nomeada de kabkajatl, onde as três últimas letras desta palavra significavam líquido. Os espanhóis na colonização tinham dificuldades em pronunciar a palavra e normalmente colocavam um “hu” nas palavras dos índios. Desta maneira, a palavra acabou por transformar-se em kabkajuatl e futuramente, pela ação popular em cacauatl. A cacauatl, quando modificada pelos espanhóis, sendo tomada agora quente e com leite e açúcar, recebeu um novo nome: chacauhaa (chacau = quente; haa = bebida). Depois, houve mistura entre as palavras das bebidas quente e fria, dando origem à palavra chocolate.¹

Baunilha. Lembrei-me da paradisíaca ilha La Digue, nas Seychelles, onde tive oportunidade de visitar uma plantação de baunilha, bem como de ver o tratamento das vagens pelas mulheres locais (na crónica 13 dessa viagem). A baunilha é uma orquídea trepadeira e a palavra deriva igualmente do espanhol: vainilla, que significa “pequena vagem”, em alusão à forma do fruto. A baunilha é atualmente a segunda especiaria mais cara, a seguir ao açafrão, devido à intensa mão-de-obra necessária para o seu cultivo. Pela informação que encontro no website da FAO (Organização para a Agricultura e a Alimentação) Portugal é um dos países produtores, mais até do que a Índia.²


¹ Wikipédia (s.d), “Cacau”. Página consultada a 14 de Fevereiro de 2010,
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Cacau>.

² Medina et al. (2009) “Vanilla: Post-harvest Operations”. Table 3 – World country vanilla production, p. 12. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Página consultada a 14 de Fevereiro de 2010,
<https://www.fao.org/3/ax447e/ax447e.pdf>

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