042 – Flores – Corvo, 13º dia, a Emocionante Viagem de Barco
Hoje é 2ª feira, 13 de julho. Deixei o despertador para as seis, mas acordei à hora habitual: 5h20. O taxista Sílvio vem buscar-me às 7h30. Às 8h deixa-me no porto. O barco para a ilha do Corvo é às 8h30.
Eis o meu espólio alimentar, que vai viajar comigo para a ilha do Corvo. O chocolate e as nozes vêm comigo de Lisboa. Espero que não regressem a Lisboa! Em alguma ilha hei de comê-los.
As compotas regionais, provenientes da ilha de São Miguel, foi uma oferta aqui do alojamento das Flores. Não tenho comido pão com doce, pelo que seguem intactas.
E aquele é o bocadinho de pão da ilha de Santa Maria que ainda me resta!! Esse já não seguirá comigo. Na ilha do Corvo irei comprar um novo pão, à chegada. Belo pãozinho, este, da ilha de Santa Maria. Dura há 7 dias. As suas torradinhas ficarão para sempre na minha recordação.
São 7h16. O taxista Sílvio vem buscar-me às 7h30. Vou dar uma volta na bicicleta, entretanto. Como vou de barco, não precisei de desmontar a bicicleta para o avião. Está pronta para andar. Vou despedir-me desta linda terra da Fajã Grande.
Ainda fiz 1,3 km bicicleta nestes 15 minutos, para despedida da ilha das Flores. E aí está o taxista Sílvio, sempre bem disposto.
Eis os quilómetros feitos na ilha das Flores:
Dia 9
Aeroporto / Ponta Delgada / Flores
9 km a pé Ponta Delgada
22 km táxi
Dia 10
Sete Lagoas / Poço do Bacalhau
42,4 km bicicleta
9 km táxi
Dia 11
Aldeia da Cuada e Poço da Ribeira do Ferreiro
15,9 km bicicleta
Não houve táxi
Dia 12
Baía de Alagoa / Santa Cruz
24,9 km bicicleta
35 km táxi
Dia 13
Passeio Matinal na Fajã Grande
1,3 km bicicleta
22 km táxi
Total Flores
84,5 km bicicleta (e mais 9 km a pé em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel)
88 km táxi
Passámos por um gatinho bebé morto, bem como coelhos mortos na estrada. Isto é uma desgraça, efetivamente não há maneira de controlar isto.
E cá está o grupo do Porto, com quem me cruzei ontem na Baía da Alagoa (crónica 39). Agora tiro-lhes uma foto. (E vestidos 🙂 ) São o Nuno, o Luís, a Mafalda e a Filipa.
Aqui está o dono do barco – Carlos Toste – e a minha bicicletazinha a embarcar!! “Que pesada!”, exclamou o Carlos. Com as águas e o cadeado de aço, que pesa 2 kg (e que agora está posto, ali no ferro central) chega aos 17 kg.
Agora foi o Luís do Porto quem me tirou esta foto, eu já de colete vestido.
São 8h33. “Quando virarmos ali à frente, vai haver alguma agitação!” – avisou-nos o Carlos Toste. (Eu vou em pé ao seu lado, junto ao leme). “Depois será tranquilo, não haverá mais nada”.
Bom.
Eu só vi uma onda enorme a aproximar-se do barco. E eu pensei, enquanto via a onda (sim, tive tempo de fixar a onda e pensar), isto vai cair em cima de nós?!
Eu nem queria acreditar.
Uma onda enorme desabou sobre nós todos. Eu tinha a máquina fotográfica a tiracolo, nem estava dentro da mala, e tive que afastá-la do meu cabelo, que escorria água como se eu estivesse no duche. A máquina levou com uma onda em cima, portanto. E ainda mais a água que escorria em abundância do meu cabelo. Afastei-a imediatamente de mim. Tirei um lenço de papel da bolsa da cintura e limpei rapidamente a máquina. Até à última gota, fui limpando tudo com muito cuidado. Só faltava ficar sem máquina fotográfica agora.
O Carlos, à chegada, entretanto disse-nos que há muitos anos que não apanhava uma onda assim. Outro dos passageiros, um rapaz, ficou sem os óculos. A onda levou-lhos. O Carlos pediu-lhe a fatura dos novos óculos que fosse comprar – graduados! – para o seguro pagar. Os seguros servem para estas coisas, disse. Ninguém estava à espera disto.
Adeus ilha das Flores!
Aí vamos nós, ilha do Corvo! Todos molhados, mas contentes! Até a minha bicicleta apanhou um banho e água salgada! Está ali, a onda não a levou!!
A ilha do Corvo tem 464 habitantes¹, e é a ilha mais pequena do arquipélago dos Açores. O gentílico é corvense ou corvino.
A ilha do Corvo é desde 2007 Reserva da Biosfera, o que significa que é considerada pela UNESCO uma referência mundial para a conservação e para o desenvolvimento sustentável.
Aqui irei passar seis dias de férias, cinco noites. É aqui no Corvo – a ilha mais pequena de todas – que eu quero passar mais tempo. Também tenciono fazer um dia de mergulho, precisamente com o Carlos Toste. Mas o Carlos disse-me que o mar está mau agora. Talvez na 5ª feira esteja melhor, disse-me.
São 9h17.
¹ “População residente, estimativas a 31 de Dezembro 2019”. Pordata, Base de Dados de Portugal Contemporâneo. Página consultada a 9 novembro 2020,
<https://www.pordata.pt/Municipios/Popula%C3%A7%C3%A3o+residente++estimativas+a+31+de+Dezembro-120>