061 – 19º Dia, a Caminho da Praia Messias Alves para Fazer Mergulho

São 4h17. Além dum pão, ainda comi mais três bananas-maçã, que me esqueci de colocar na mesa para a foto.
Hoje fui picada dento da manga, no braço, ou talvez estivesse arregaçada enquanto mexia no telemóvel. Renovei a dose de repelente de insetos.
Há um animal qualquer – todas as noites – que parece um telemóvel a tocar, um som metálico. Não faço ideia se é um pássaro ou um inseto.
Não há luz. A água da torneira só corre um fio, e a partir das 5 deixará de correr totalmente. Também estão a poupar petróleo aqui em São Tomé, até que chegue mais.
Choveu muito esta noite.

Partida às 5h35. Ouvem-se os meus já conhecidos pássaros a darem suaves estalidos com as asas ou com as penas da cauda, nem sei, durante o voo. Já os conheço e sei identificá-los. Não faço ideia como se chamam.
O destino hoje é a Praia Messias Alves, onde fica o centro de mergulho. Hoje vou fazer mergulho com botija de ar.
O caminho é todo a descer, como se vê na linha azul em baixo. Tem ali três pequenas subidas na parte final. Visto assim, no telemóvel, não parece nada, mas quando lá chegar vou senti-las na pele (ou nas pernas).
A aplicação Maps.me agora mostra-me o mapa de patas para o ar. Parece que estou a ir para norte, mas não – estou a ir para este, conforme se pode ver no mapa abaixo:

Já conheço esta estrada, passei aqui a caminho da praia das Pombas (crónica 45), pelo que aproveito agora para acelerar. Sabe bem. Não vou parar nos próximos quilómetros e vou a toda a velocidade por aqui abaixo. É preciso ter cuidado, todavia. É necessária grande concentração por causa dos buracos na estrada e de pessoas e animais a circularem. Vou muito concentrada a olhar em frente, e nem cumprimento ninguém.

Pronto, foi quase um quarto de hora sempre a descer. Agora é outro trecho, mais a direito.

O Eric e o Gualter. Eu interessei-me pela casa em construção (na foto anterior, e atrás deles) e o dono, vendo-me, veio falar comigo e disse que falta dinheiro para acabá-la. Faltam os vidros, disse-me. Não quis ficar na foto, e é irmão destes dois rapazes.

Os três irmãos moram ao lado da casa em construção. Esta é a sua cadelinha.

E foi o dono da casa em construção (acabei por não ficar com o seu nome!) que nos tirou esta foto a todos. O Gualter ficou sorridente na foto anterior, e aqui já nada feito. (Acho que é o Gualter, que não estou a trocar os nomes aos irmãos!!). E eu parece que vou cair para o lado. Quem ficou melhor nesta foto foi mesmo a cadelinha.
São 6h24 nesta foto.

Fui cumprimentada entretanto pelo rapaz vem aí, de calções laranjas: “Bom dia Rute!”. Está é boa. Sabe o meu nome? Então é o rapaz que trabalha na oficina do escultor Osório (crónica 45). Eu ri-me e cumprimentei-o de volta.

À esquerda é a Voz da América (a qual apresentei na crónica 45).

Uma operação stop da Polícia.  Na crónica 49 apanhei outra, ia eu na mota do Pajó a caminho de Morro Peixe para o passeio de barco. Aqui deixaram-nos passar, a mim e ao ciclista que vai à minha frente. Vamos ambos a pé, com a bicicleta pela mão, porque esta subida não é propriamente ligeira.

Esta será uma escola secundária, calculo. Na parede diz “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. – Nelson Mandela”. Na parte de cima indica “Deita o lixo nos contentores! O distrito de Cantagalo agradece-te”.

A segunda quitanda indica “Pastelaria e Pequeno-Almoço”. Mas são 7h13 e ainda está fechada. Estranho. Por aqui começa tudo bem cedo, se calhar hoje não abre. Seria a primeira pastelaria que eu conheceria em São Tomé e Príncipe.

São 7h28, estou a chegar ao meu destino. O GPS mandou-me sair da estrada principal e virar para esta povoação à esquerda. Chama-se Bairro Popular, disse-me uma pessoa. Mas depois de andar uns metros, o GPS começou a dar erro, agora diz que estou outra vez a não sei quantos quilómetros do meu destino. Mau. Voltei para trás, para a estrada principal.

Afinal era para virar nesta à esquerda. Virei antes de tempo. Agora é que é.

Elas ofereceram-me vinho de palma, e a senhora bebe um pouco a posar para a foto. Os copos são um frasco de vidro (parecem-me os frascos de salsichas?) e são partilhados por todos os clientes que compram um copinho de vinho, aqui a passar.

Aparentemente estou a chegar à praia, ali em baixo à esquerda. Já vejo areia e barcos. Agora terei de encontrar o Centro de Mergulho.

Tive de perguntar, porque não estava a ver o caminho. O GPS diz-me que terminei o caminho, mas agora falta encontrar o Centro de Mergulho. Um homem disse-me para eu seguir sempre em frente nesta estrada, que irei lá dar.

A chegar ao hotel de luxo onde existe o Centro de Mergulho. Afinal havia uma entrada na estrada principal, eu teria de seguir nela um pouco mais. Mas enfim, o GPS mandou-me para a Praia Messias Alves (que apesar de ter o nome “Praia”, não é uma praia, é uma povoação) não me mandou exatamente para o Centro de Mergulho, o qual não consta na aplicação Maps.me. A morada do Centro de Mergulho é “Praia Messias Alves” e foi isso que pus no GPS. A partir daí tive que desenrascar-me. O que vale é que toda a gente fala português.

Cheguei ao Centro de Mergulho às 7h50. Tenho 19,7 km na bicicleta. Vou fazer um mergulho de 50 minutos, com profundidade de 20 metros.

Já está tudo a postos para partirmos no barco. Irei mergulhar com mais pessoas, percebi entretanto. Um mergulho custa 50€ e paguei-o já. Tive de mostrar a licença PADI, e registaram o seu número e todos os meus dados.

Coloquei a máquina fotográfica dentro da bolsa impermeável. Esta bolsa permite que a máquina desça aos 5 metros de profundidade. É muito pouco, eu irei mergulhar mais fundo, pelo que não irei mergulhar com a máquina. Mas protejo-a dos salpicos de água no barco, pois espera-nos uma viagem relativamente longa até ao local de mergulho – na zona da Lagoa Azul, perto de Morro Peixe.

Eu entretanto vou vestir o biquíni na casa de banho, e vou escolher um fato para mim, com a ajuda do que creio ser o dono do centro – Alberto Miranda, que já me recebeu e cumprimentámo-nos. Os seguranças do hotel perguntaram-lhe por mim, ao telefone. Tinham sido avisados que vinha aí uma cliente ciclista. O Alberto explicou-lhes que eu já cá estou, que vim por uma entrada secundária, e como tal não passei na porta principal do hotel.

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