042 – Guadalupe
Aqui ia a pedalar, a caminho de Guadalupe, quando estes rapazes me mostraram o cacau. Eu em andamento, a toda a velocidade, numa descida de alcatrão. Só tive um vislumbre do fruto. Mas travei – uns cinquenta metros depois, talvez, quando consegui, e eles vieram então ter comigo. De tshirt azul é o Dani, de tshirt vermelha é o Jorge.
O cacau está maduro quando é amarelo. Este está maduro e pronto a comer, portanto. Pediram-me cem dobras por ele. Eu disse que é demasiado e que também não quero ir carregada na bicicleta. Eles então decidiram parti-lo ao meio, para eu comer o que me apetecer, e que posso pagar o que quiser. Tinha uma nota de 50, dei-lha.
Eu nunca tinha comido um cacau fresco. Eles ensinaram-me como é, pacientemente e cheios de tempo. Come-se à dentada, pois claro, e dentro dos bagos há um caroço que pode ser trincado, que é relativamente suave. Há quem trinque o caroço e o coma, e há quem chupe apenas os bagos e cuspa o caroço. Isto faz-me lembrar as uvas. Também há pessoas que trincam os caroços e os comem, e outras não. Mas este caroço do cacau é grande. Aliás, mostrei um na crónica 36, quando visitei o Monte Café. E não sabe a chocolate! Nada a ver. Então experimentei as duas coisas. Trincando o caroço amarga um pouco. Os bagos são muito doces, pelo que preferi não trincar o caroço. Mas dá algum trabalho chupar os bagos, porque a carne do fruto (dir-se-á assim?) não larga facilmente o caroço. Ainda estive aqui algum tempo de volta do cacau, com eles divertidos a olharem.
E eu sinto-me muito minorca nesta foto, tirada de cima, ainda por cima com um rapaz alto e espadaúdo ao meu lado. Giros, os rapazes. Eu tenho os óculos de proteção – são para andar de bicicleta, pois ir a toda a velocidade a levar com mosquitos e terra nos olhos não é agradável nem aconselhável.
A entrar na cidade de Guadalupe. Recordo que o mapa indicando a localização de Guadalupe se encontra na crónica 40.
Aproveitei para visitar a farmácia do Centro de Saúde, a ver se encontro adesivos castanhos para os pensos dos pés.
A farmácia à esquerda. E também não têm adesivos!
Os selos que confirmam as pulverizações feitas ao longo do tempo. São as pulverizações contra o mosquito da malária (ou paludismo, como está escrito nos autocolantes; é a mesma coisa). Mostrei uma equipa de pulverizadores na crónica 17, no Príncipe.
Vou agora deixar Guadalupe, e vou em direção a Morro Peixe. Lembro-me de memória que a Praia dos Tamarindos é ao lado. Recordemos que estou sem telemóvel, e consequentemente sem GPS. Mas se andei sozinha na China, com placas em chinês, aqui é canja.
Esta placa é curiosa. Deixo a tradução em inglês para os leitores estrangeiros: “Forbidden the funerals payment in the cemitery”.
O cemitério está fechado. Hoje é 5ª feira e são quase dez da manhã, estou a ver que é difícil às pessoas irem a um cemitério visitar a família, em São Tomé e Príncipe… Não há maneira de eu encontrar um aberto. Pelo que voltei a fotografar este através das grades do portão.