044 – Corvo – Almoço na Vila do Corvo

O restaurante fecha às 14h. Chamei a senhora cozinheira que vislumbrei atrás das cortinas da terceira porta, lá atrás, e pedi-lhe o número de telefone para eu poder reservar um almoço se necessário. Virei buscá-lo depois das 14. Onde andarei eu às 14h, nos próximos dias? Certamente nas montanhas.

Virei posteriormente a saber que a queijaria está fechada, já não funciona.

A ilha das Flores lá ao fundo.

Lá em cima é outro restaurante, bastante maior, que recebe as dezenas de turistas que chegam e partem no mesmo dia, de barco. A Traineira, lá em baixo, onde eu pedi o número de telefone, é mais o meu estilo, pequenina, típica, não tem capacidade para as hordas diárias de turistas. Só existem estes dois restaurantes, e já é muito.

As ilhas do Corvo e das Flores miram-se uma à outra. Já andei ali a pedalar naquelas montanhas. Quando ali estive, fotografei a ilha do Corvo, na crónica 37.

Recebidos fundos europeus do “Portugal 2020” para a requalificação do espaço dos moinhos e do cais do Porto Novo. Objetivo principal: dinamizar os territórios rurais.

São a Rita e o Artur, da ilha Terceira. Já nos cruzámos tantas vezes, nestas voltinhas que estamos a dar pela Vila do Corvo – eu de bicicleta e eles a pé – , que desta vez fotografei-os e trocámos algumas palavras. Também aparecem na quinta foto acima. A Rita acaba de conhecer a última ilha dos Açores que lhe faltava conhecer. E o Artur faltam-lhe três ilhas. São dois turistas açorianos, portanto.
Já nem nos despedimos. Até já, então. E rimo-nos.

Praia com areia! Esta tarde virei à praia, é desta.

Não tens muito por onde andar, aviãozinho.

O posto da GNR à esquerda.

Ainda hoje me pergunto onde é que fiz 30 à hora, na Vila do Corvo. Só pode ter sido na reta da praia.

Pela primeira vez nestas férias comi tudo o que está no prato. Tenho andado a comer pouco. Hoje é o 13º dia da viagem, já é altura de começar a comer mais, de ter mais apetite com o esforço físico constante. Não comi pão. Paguei 5 ou 6€, não me recordo.

Cá está a senhora a quem pedi o número de telefone do restaurante, quando aqui passei às 11h30. Chama-se Alzira. Ela e o marido são os donos do restaurante. À Alzira só lhe falta visitar a ilha Graciosa; os transportes e as ligações são complicadas para lá, e torna-se caro. São necessários três voos ou três barcos, explicou-me.
Nasceu na ilha das Flores. O pai trabalhava nos serviços florestais e foi colocado lá, pelo que a Alzira e os irmãos nasceram lá. Amanhã tem que ir lá fazer uma ecografia, à ilha das Flores. Estes exames com prescrição médica são pagos pelo centro de saúde, e vai-se de barco. Será um dia perdido, conta-me a Alzira. A ecografia é às 14h. Tem de ir no barco da manhã, e volta ao final da tarde.
A Alzira tem um filho com 16 anos que já vai para fora estudar, no décimo ano, na área de Desporto. Vai para a ilha Terceira. Aqui no Corvo não há esta via de ensino, existem apenas outras duas – de línguas e científica. Ambas até ao 12º ano.
A Alzira disse-me já o que será o almoço amanhã, e eu reservei bifes de frango no forno com natas, e arroz, em vez de batatas fritas, por causa de aquecer no micro-ondas. Ficará embalado numa caixa. Aquecerei na cozinha partilhada do meu alojamento. A Alzira não estará aqui no Corvo, mas diz ao marido. O restaurante estará fechado à tarde, mas o bar está aberto, e eu posso levantar o almoço no bar.

Ali ao fundo está a torre da Igreja de Nossa Senhora dos Milagres. O meu alojamento é mesmo ao lado.

Gosto disto. Sinto-me bem nestes ambientes pequenos.

Reza assim a Wikipédia:
O primeiro templo erguido na ilha constitui-se numa simples ermida, de pequenas dimensões, sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário, localizada junto ao mar. Aqui cumpriam os corvinos o seu preceito Pascal, para o que para aqui se deslocava, anualmente, pela altura da Quaresma, um clérigo da vizinha ilha das Flores.
Foi destruída durante a incursão de piratas da Barbária à ilha em 1632 [nota: os piratas da Barbária eram os corsários muçulmanos, dos quais já falei na crónica 22], a partir de quando a imagem da Senhora passou a ser referida como Senhora dos Milagres.
Em 1674 o lugar do Corvo foi elevado a paróquia. Nessa ocasião cuidou-se de erguer a igreja paroquial, dedicando-a a Nossa Senhora dos Milagres e dotando-a com um vigário, um cura e tesoureiro.
O templo foi reedificado em 1795, com as dimensões de 26 metros de comprimento por 7 de largura.
Foi consumido por um violento incêndio em 1932, no qual se perderam riquíssimas alfaias. Salvou-se, entretanto, a Imagem de Nossa Senhora dos Milagres, que a tradição refere ter sido encontrada no mar. O templo foi restaurado em seguida.
Atualmente constitui-se em conjunto edificado protegido pela Resolução n.º 69/97, de 10 de Abril, do Governo Regional dos Açores e integra o “Inventário do Património Histórico e Religioso da ilha do Corvo”.
A festa da padroeira é celebrada, anualmente, a 15 de agosto, e atrai centenas de pessoas da ilha vizinha.¹


¹ “Igreja de Nossa Senhora dos Milagres (Vila do Corvo)” (s.d.) Wikipedia. Página consultada a 11 outubro 2020,
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Nossa_Senhora_dos_Milagres_(Vila_do_Corvo)>

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