055 – A Louca Descida de Bicicleta

Voltámos a fazer meia hora na pickup até à pousada, para buscar as bagagens, e prosseguimos caminho nessa direção. São 11.45h. Hoje regresso a Díli. Irei lá pernoitar para amanhã de manhã apanhar o barco para a ilha de Ataúro.

Leite da Indonésia. Conforme expliquei na crónica 46, não se produz leite em Timor. E é leite que ando a beber, nada de bebidas energéticas e isotónicas (até gosto, e poderia ter levado comprimidos dissolvíveis, mas no ano passado voltei da China com a embalagem intacta… desta vez nem comprei).
E como vêem, está aqui uma bicicleta desenhada. Isto é para mim. E são pacotes cor-de rosa, de menina. Com fotografias de meninos para eu entreter a vista, enquanto bebo.

Agora sim, largo a pickup e meto as mãos na bicicleta. Que magnífica descida. São 13 km a descer a montanha. Tenho de fazer algumas partes devagar, a travar, senão ainda me mato. Reparem: lá em baixo como é que faço a curva? Com o joelho a raspar no chão? Ou então vou pela parede! Mas dei-lhe bem. O GPS marca uns belíssimos 47 à hora, como velocidade máxima. Voei completamente. Foi nesta montanha que dei o maior salto na bicicleta, em toda a minha vida, até agora. Por uns segundos fiquei no ar. A bicicleta no ar. Eu agarrada a ela. A máquina fotográfica nas minhas costas deve ter ficado ao nível da minha cabeça, calculo, e depois aterrou nas minhas costas, com uma pancada. Aterrámos em sequência: primeiro aterrou a bicicleta, depois aterrei eu, torcendo para que corresse tudo bem, depois aterrou a máquina fotográfica nas minhas costas. “Cuidado!” – disse-me o Valério antes de eu partir. “Devagar!” – acrescentou.
Sim, sim.

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