094 – Roça Água Izé (II)

A Xaninha (de verde) e a Jacinta, escrevi nos meus apontamentos. Mas a Jacinta também está de verde. Se bem me recordo, a Jacinta é a de tshirt verde clara!!

Pulverização contra o mosquito da malária. Andam a pulverizar as casas. Já abordei este tema na crónica 17, no Príncipe, inclusive os estudos duma universidade norte-americana para criar mosquitos geneticamente modificados, aqui em São Tomé e Príncipe.

Um dos hospitais da Roça Água Izé, inaugurado em 1928.
A Roça foi fundada em 1854 por João Maria de Sousa e Almeida, que mais tarde, em 1868, recebeu o título nobiliárquico de Barão de Água-Izé¹. Esta foi a primeira roça da ilha de São Tomé que implementou a cultura de cacau. Água Izé foi uma das maiores plantações e mais avançadas tecnologicamente. Possuía um cais próprio para exportação do cacau e uma grande linha férrea.²
O seu nome deriva de um dos rios que a atravessa, o Rio Água Izé.³

O Barão de Água-Izé: João Maria de Sousa e Almeida (1816-1869).
Foto retirada da Wikipedia, arquivo.

João Maria de Sousa e Almeida nasceu na ilha do Príncipe, descendente duma família mulata abastada, de São Salvador da Baía, a qual tinha emigrado para o Príncipe nos finais do século XVIII.
Em 1855 introduziu a cultura do cacau na ilha de São Tomé, trazendo-o da ilha do Príncipe, onde já existia, trazida por seu turno do Brasil. Três anos depois introduziu também a fruta-pão em São Tomé e Príncipe, tendo-a trazido para o arquipélago para alimentar os escravos, à semelhança do que os ingleses fizeram nas suas colónias, conforme relatei na crónica 13. (Afinal sabe-se quem trouxe a fruta-pão para São Tomé e Príncipe, se bem que não existam detalhes).
João Maria de Sousa e Almeida desenvolveu a agricultura do cacau de tal forma, que em 1857 a exportação atingiu 12,7 toneladas. Também se dedicou à produção de tabaco, inhame e café, trabalhando ao mesmo tempo na exploração de madeiras. Foi o primeiro mestiço nobre a ser distinguido como “Barão”.⁴

O antigo hospital, erguido no ano de 1914. A sua dimensão insuficiente para abranger todos os habitantes da roça, obrigou em 1928 à construção duma nova unidade com a mesma tipologia.⁵

Na zona baixa localiza-se a casa da administração – implantada junto à estrada sem uma posição central e dominante na estrutura da roça; bem como as oficinas; as serralharias; as carpintarias e os armazéns. A extensa bateria de sanzalas distribui-se ao longo da encosta e os dois hospitais estão implantados na zona alta da estrutura da roça.⁵

Natalina Teixeira. O seu pai foi enfermeiro aqui no hospital. Era português de Portalegre. A neta que tem ao colo chama-se Roberta.
A Natalina tem quatro irmãos em Portugal: três irmãs em Lisboa, e um irmão em Marco de Canavezes.
Também tem dois filhos em Portugal, um em Lisboa e outro na margem sul.

Centro de Formação Profissional – Pólo de Água Izé.

São 10h, passei duas horas na Roça Água Izé. É altura de partir para o meu destino final: a Boca do Inferno. Agora chuvisca, pelo que protejo o telemóvel (onde vejo a aplicação Maps.me com o GPS) com um saco plástico.

A praia Izé.


¹ “Barão de Água-Izé” (s.d.) Wikipedia. Página consultada a 20 janeiro 2020,
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Bar%C3%A3o_de_%C3%81gua-Iz%C3%A9>

² “Roça Água Izé” (s.d.) Pousadas de São Tomé e Príncipe. Página consultada a 20 janeiro 2020,
<http://www.pousadas.st/roca-agua-ize>

³ Barros, Eldon et al, (2007, 23 dezembro) “Roça Água-Izé”. Blog São Tomé e Príncipe, as suas Gentes e o seu Património”. Página consultada a 20 janeiro 2020,
<http://stomepatrimonio.blogspot.com/2007/12/roa-gua-iz.html>

⁴ Marques, José Trabulo (2016, 27 Abril) “Barão de Água-Izé”. Blog São Tomé e Príncipe – Odisseias nos Mares e Terras. Página consultada a 20 janeiro 2020,
<http://www.odisseiasnosmares.com/2016/04/barao-de-agua-ize-nasceu-ha-200-anos-12_81.html>

⁵ “Barão de Água-Izé” (s.d.) Wikipedia. Arquivo. Páginas consultadas a 20 janeiro 2020,
<http://archive.md/z3PHz#selection-315.64-317.333>
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Bar%C3%A3o_de_%C3%81gua-Iz%C3%A9>

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