015 – Príncipe – Azeitona & Praia Bom Bom
Aqui vou a seguir a Benvinda. Eu vou a caminhar ao seu lado a conversar. Na foto de cima a Benvinda esperou que eu tirasse a foto, mas nesta eu disse-lhe que podia continuar a andar, e assim fotografei-a também.
Agora não fiquei com uma foto decente da Benvinda. Esta ficou desfocada, mas é a única que tenho, mais perto, pelo que a mantenho. As ervas lá à frente é que estão bem focadinhas… ai Rute, que paciência.
A Benvinda tem 64 anos, e uma neta chamada Cláudia que está em França, e a qual acabou a faculdade agora. A neta tem 22 anos e já viajou aos Açores e a Inglaterra. A filha da Benvinda, que se chama Augusta, viveu no Cacém, em Portugal, e foi assim que a Benvinda esteve quatro meses em Portugal há nove anos atrás. Agora a filha está em França. A Benvinda mora junto ao aeroporto e trabalha aqui. Esta terra chama-se Azeitona, é onde vive a enfermeira Manuela. A Benvinda conhece-a, pois claro.
Convidou-me para ir visitar a sua casa, no regresso do Bom Bom. Disse que lá para as 10h30 já estaria em casa.
Diz que o Príncipe é uma terra calma por enquanto, é pacífica. Por enquanto, reiterou. Não há bandidos, disse.
A Benvinda veio capinar. Chama-se assim, capinar. Ao seu lado está o filho que tem 49 anos. “Parecem irmãos” – disse eu à Benvinda, o que a fez rir. Esta terra é do Estado, explicou-me. Vão plantar milho, mandioca, feijão.
Despedi-me e voltei a atravessar o aeroporto para retomar o meu caminho em direção ao Bom Bom. (Foi então que se deu a perseguição policial da crónica anterior). Esta estufa já está na estrada a caminho do Bom Bom.
O GPS diz-me para seguir em frente. Só quando regressei é que reparei que a placa de baixo, que não consigo ver agora, é a que indica “Bom Bom”. Faltam 4 km para a Praia Bom Bom.
São 7h50 da manhã. Quem tinha de vir buscar água, já veio.
Este não é o mesmo chafariz, é outro. As pessoas abastecem-se de água nestes chafarizes, os quais existem em relativa abundância.
Desci a toda a velocidade e um dos cantis de trás caiu. Este suporte não presta, já é a segunda vez que um cantil cai. E eu só soube porque veio um jipe atrás de mim, pertencente ao resort lá em baixo, em que o condutor abrandou ao meu lado (eu em andamento lento à espera que ele me ultrapassasse) para dizer-me que o cantil está a cerca de 300 metros atrás. Lá fui eu, subir aquilo outra vez, à procura do cantil. Felizmente veio outra carrinha para baixo, creio que também pertencente ao resort, com o cantil, para dar-mo. Tive sorte. Muita sorte.
Aparentemente esta foto não tem grande interesse. Mas tem uma razão para existir e aqui vai dar-se um acontecimento decisivo no resto da viagem. Hoje estou no 5º dia. É que aqui fiz uma pausa estratégica para trocar os cantis de água – como os de trás têm tendência para cair, eu passo a água possível para o da frente, que entretanto já bebi todo. E normalmente bebo o da frente primeiro porque consigo tirá-lo em andamento, não preciso de parar a bicicleta para beber. Os de trás estando vazios já não caem. Aproveitei e fui à casa de banho. É invisível, a casa de banho, mas ela existe ali no meio dos arbustos. Há muitas melgas a esvoaçarem à minha volta, mas eu não sou picada. Tenho o repelente de insetos posto. Ora estava eu descansada nestas minhas lides (já em pé, felizmente, junto à bicicleta) quando passa uma pickup a certa velocidade, para cima, com um homem branco, que estranhou eu estar aqui, terá ficado surpreendido, e quis ser prestável, pelo que acabou por travar um pouco mais acima, e fez marcha atrás para chegar ao pé de mim. Eu preparada para partir. Uma pickup parar ao pé de mim, eu tenho de estar alerta. Isto de viajar sozinha não pensem que confio em tudo. Numa bicicleta de BTT fujo rapidamente, dá-me uma certa segurança. Agora estava apeada, pelo que montei, pronta para desaparecer. Bom, o senhor é português; trabalhará no hotel lá em baixo; e perguntou-me se está tudo bem. Agradeci, claro. Disse-lhe que precisei de ir à casa de banho e ele soltou uma gargalhada. E partimos os dois. Ele para cima, eu para baixo.
Ora no meio desta agitação não apertei devidamente a tampa dos dois cantis que troquei a água. Nem me lembrei mais de tal.
O guarda do hotel mandou-me estacionar a bicicleta ao lado dos outros carros. Do lado esquerdo estão vários carros estacionados, não ficaram na fotografia. Ok. É a primeira vez que me mandam estacionar a bicicleta num parque de carros. A minha bicicleta fica aqui estacionada, mas com cadeado. E já agora onde é que anda a tampa do cantil de trás? Pois voou na descida. Que cena. São uns 2 km a descer – uma grande descida. Agora não vou subir tudo à procura da tampa. Quando regressar, esperemos que tenha a sorte de encontrá-la. Informei o guarda de que perdi a tampa, e se ele conseguir falar com os colegas para ver se a encontram no caminho, ótimo.
São 8h30 e tenho 11 km feitos.
Tens sorte, cãozinho, em pertencer aqui ao hotel… Só podes pertencer aqui ao hotel, tão gordinho e bonito… E atrevido!
Enquanto fotografava a praia, veio uma onda maior e molhou-me os pés. Eu não me importei, as sandálias secam num instante.
Mal sei eu as consequências futuras disto.
Uma pausa para descansar, comer e contemplar. O ilhéu Bom Bom é ali atrás, ainda falta um bocadinho para terminar.
Este é o ovo cozido que trouxe do pequeno-almoço.
Deixei a bicicleta aqui presa com o cadeado e fui para o ilhéu. Ao ver esta foto dou conta que deixei a bicicleta mal posicionada, de facto o pneu da frente está a tapar o caminho às pessoas, devia ter tido mais cuidado.