007 – Príncipe – Terceiro Dia, Praia Ponta Mina

Desta vez acordei a horas mais normais, às 7H30. Choveu esta noite. Esqueci-me de colocar anti-mosquitos no quarto, isto lá lindo. Mas não fui incomodada uma vez mais, felizmente. Fui incomodada sim por música até às tantas da manhã. Ontem um rapaz passou na Lucila, também falou comigo, e convidou-me para uma festa. A Osvaldina também me convidou para outra festa, no sábado seguinte, às 20h. Todos os fins de semana há festas, pelos vistos. Meus amigos, a minha vida aqui em São Tomé e Príncipe é outra. É mais desportiva, pela manhã. À noite estou completamente estafada e cheia de sono. Quero lá saber de festas noturnas… Mas agradeci os dois convites, claro.

Hoje houve a missa de domingo, mas às 7H30 já terminou. Um belo dia para dormir até mais tarde, Rute… (Digo isto em tom de auto-censura, pois é uma altura excelente para tirar boas fotos).

Nesta foto já invadi a cozinha da Residencial. Desta vez o pequeno-almoço é servido mais cedo, às 8H15. Ontem foi às 8H30. Quinze minutos são sempre quinze minutos.

A outra hóspede da Roménia foi-se embora ontem, para a ilha de São Tomé. Sou a única hóspede agora. Pernoitei sozinha na Residencial. Chuvisca. Faz muito calor, ao comer fico a transpirar. Vejo na meteorologia que dão chuva para todos os dias.

Não há água nem luz. Faz-me um bocado de confusão estas cenas de cozinhas sem água. Não há água para lavar as mãos depois de ir à casa de banho. Ou então têm alguidares com água do chafariz.

O pneu de trás da minha bicicleta não está suficientemente cheio. A loja do chinês está fechada, hoje é domingo. E surge-me a Norá, montada noutra bicicleta. “Onde é que posso encher o pneu?” – pergunto-lhe. E aproveito peço-lhe para me tirar uma foto nesta magnífica paisagem. Com o meu telemóvel, para ser mais prático, pois tenho a máquina fotográfica dentro da bolsa impermeável, que não dá jeito nenhum para ensinar a tirar fotos. Não me canso desta paisagem – já deve ser a décima foto que aqui tiro. Para lhe explicar como quero a foto, peço à Norá para fazer de modelo. Mostro-lhe a foto e ela tira-me outra igual. E eu acabei por manter a sua foto também.

São 9 e pouco da manhã. Tenho a praia combinada com a Lucila e a Osvaldina, mas estará tempo de praia? Está quase a chover… será que elas querem ir à praia com um dia assim? Eu não sei como são os santomenses nestes dias. Está calor, está húmido. Será que vão à praia na mesma? Eu pelo sim pelo não tenho o biquíni vestido, uns calções impermeáveis para andar de bicicleta, e a máquina fotográfica já dentro da bolsa que comprei, estou a estreá-la, para dias de chuva, e que vai mesmo à água, até cinco metros de profundidade. Vê-se nesta foto, a qual foi tirada com o meu telemóvel pela Norá.

E a Norá trouxe-me até aqui. Naquela casa lá atrás, onde está um homem na mota, enchem pneus.
Eu digo que tenho praia combinada com duas pessoas, a Norá diz que vem também. Ótimo. Tem 19 anos e aguarda o resultado dos exames para seguir Medicina. Mas queria Psicologia, a mãe é que quer Medicina.
E seguimos caminho as duas em direção à Praia Évora, cada uma na sua bicicleta.
Estou a ver que na ilha do Príncipe nunca estarei sozinha, que maravilha. A todos os minutos tenho uma companhia nova.

A praia Évora está completamente deserta. Absolutamente ninguém. Nem Lucila, nem Osvaldina, nem ninguém. Com este tempo desistiram, pois claro. Só eu e a Norá, que fomos logo embora. Esta praia é um bocado agreste, isto é só rochas. A Norá sugeriu-me outra praia – a Ponta Mina, que não é muito longe daqui, disse-me. Então vamos.

Esta é a praia Ponta Mina, bem mais agradável e bonita. A entrada para esta praia fica mesmo junto às placas cuja foto tirei acima, com a Norá e as duas bicicletas. A placa apontando o caminho está por cima da “Praia Évora” e vê-se perfeitamente na crónica 6. É um pequeno caminho de terra, os carros não passam. Ainda bem que a Norá apareceu para ensinar-me estas coisas.

A máquina está dentro da bolsa impermeável, e é muito difícil tirar fotos com ela assim. Usar a máquina no modo Manual é para esquecer. Regular os botões todos é uma operação quase impossível, com ela dentro do plástico. Pelo que coloquei a máquina no modo Semi-Automático (no “P”) e saíram estas fotos escuríssimas. A máquina considera que está muita luz, e escurece automaticamente a imagem. Demais. Não está assim tão escuro. E faz calor.

Foi uma bela manhã de praia, na companhia da Norá. A Norá carrega muito nos “R”, como é apanágio dos santomenses, e às vezes custo a percebê-la. Vamos à prrraia de Ponta Mina, disse-me.

Às 11H30 fomos embora. A Norá disse-me que tinha de ir preparar o almoço. Perguntei-lhe se posso ir a sua casa, se não faz mal. Ela disse que não faz mal, e lá fomos.

Este é o Kley, o irmão da Norá. A mãe de ambos está em São Tomé.

Vou deixar a Norá a preparar o almoço; disse-lhe que me vou embora. Também tenho que ir ao restaurante ver o que servem hoje e encomendar. A Norá disse-me então que iria comigo agora mostrar-me onde dão aulas de Dança Capoeira. Logo às 15h vai ter aulas lá, e poderei ir ver. Ok, vamos então.
(As coisas vão andando assim, leve-leve).

Aqui o mapa ligeiramente aumentado.
Abaixo na totalidade:

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