27 – Os Ventos Patagónicos
Quem olha para as fotos, nestas planícies rasteiras a perder de vista, sem uma única árvore, não tem ideia da ventania que fazia por vezes.
Aliás, nem nós mesmos, dentro do minibus estrada fora. O Walter apercebia-se porque ia a conduzir, mas nós não. E pregaram-nos uma partida:
Poucos minutos depois de cumprimentarmos o ciclista, parámos na estrada. Vamos lá fora, disse o Flávio. Muito bem, vamos lá fora. Eu ia no lugar da frente e era a primeira a sair. Reparei que ambos – o Flávio e o Walter – fixavam-me com alguma expetativa. Porque estarão a olhar?… Mas foi uma questão de segundos, nem pensei mais. Saí.
Pois fui eu, foi a porta, foi tudo. Estão a ver-me pendurada na porta a voar a toda a velocidade? É essa imagem mesmo. Se tivesse saído primeiro o João, por exemplo, o gigante do grupo, ter-se-ia aguentado bem. Eu e os meus calções ficámos colados à porta.
E tirar esta foto foi uma operação complicadíssima: só conseguimos tirar uma decente à quarta ou quinta tentativa – ou era eu que caía, ou era a Isabel (que estava a tirar-me a foto) que não conseguia manter-se firme, fazendo tremer a imagem ou ficar torta.
O ciclista vem algures lá ao fundo, e nem imaginámos o que seria para ele atravessar aquele ponto.
Este é o sinal de trânsito de grande ventania… Mais à frente surge outro com “Despacio”, ou seja, “Devagar”.
Reparem nas montanhas com neve lá ao fundo… estamos a aproximar-nos das zonas frias.
Árvores derrubadas pelo vento, na Patagónia argentina.
Idem, desta vez na Patagónia chilena.