017 – São Miguel – Santo António, Regresso & Almoço

O primeiro morador de Santo António que encontro. Chama-se Duarte Carvalho e mora aqui, disse-me, mas nasceu noutro local da ilha de São Miguel. Não tenho a certeza, mas acho que percebi “Vila Chã”.

O Duarte explicou-me o caminho para o miradouro, onde eu estou agora, e também para o mar. Disse-me para eu virar na primeira à direita, ali em baixo.

Depois do miradouro desci, mas há vários locais para virar à direita. Nessa altura já estava o António aqui em cima no miradouro, e foi-me fazendo sinais lá para baixo. Eu lá em baixo, portanto, e o Duarte aqui em cima no miradouro a fazer-me sinais sobre onde eu deveria virar. Acabei por virar na terceira à direita, pelos vistos as duas saídas anteriores são coisas locais, não levam a lado nenhum.

São 11h30, hoje é domingo e está a decorrer a missa, pelo que não entrei para fotografar o interior.

Aqui está a Ana de volta das flores. “Porque é que está a pôr aqui flores tão bonitas, na estrada?”, perguntei-lhe. Vai passar o Santo às 15h30, explicou-me. E este vaso caiu, para sua visível consternação.

Eu disse à Ana que agora ia virar à direita para ir ver o mar e as piscinas naturais. Pensativa, respondeu-me: “É melhor deixar aqui a bicicleta! Depois vai subir isto com a bicicleta? Não vale a pena, pode deixá-la aqui guardada na minha garagem”.

A rapariga que gentilmente está a guardar a minha bicicleta chama-se Ana – é outra Ana, e é filha da Ana. É uma família de Anas!
Estão em grande azáfama, ambas, apercebi-me, por causa da procissão esta tarde. Hoje é domingo, recordo, dia 5 de julho. Nesta foto são 11h34. A Ana filha está a grelhar carne. “Não se vão embora!” – disse-lhes eu. E rimo-nos as três perante essa hipótese. Eu não iria conseguir tirar a bicicleta da garagem. “Eu moro aqui”, disse a Ana mãe, “E a minha filha também não sai daqui, está de volta do churrasco”.

É uma festa entre amigos, disse-me um rapaz. São todos conhecidos, acrescentou.

Tal como explicado na placa acima, esta zona chamava-se Rosário. Depois passou a chamar-se de Santo António. Pelos vistos a zona balnear mantém o nome antigo.

Dá sempre jeito, uma casa de banho. E usei-a. Com bastante papel higiénico disponível, pendurado na parte de dentro da porta. Estas pequenas infraestruturas são muito importantes no dia a dia. Recordo-me da China, nas zonas rurais, foi uma coisa que comentei nas crónicas: havia casas de banho públicas – e gratuitas – por todo o lado. Estas coisas dão jeito. Eu cheguei a apresentar queixa em Lisboa, na zona da Estefânia, onde existe uma paragem de taxistas em frente ao hospital, e ali na rua era um autêntico urinol. Era um pivete que não se podia, em pleno centro de Lisboa. Pois os desgraçados dos taxistas param ali e não têm casa de banho. Só se deixarem o carro e forem ao interior do hospital. Queixei-me à Câmara, que é um pivete que não se pode ao passar naquela rua. Porque não põem uma casa de banho portátil, daquelas que se põe uma moeda de dez cêntimos para abrir? Responderam-me que foram lá e não notaram nada, que não há cheiro nenhum. Temos um funcionário da Câmara de Lisboa com problemas no olfato, portanto. Eu deixei de passar naquela rua, simplesmente. Mudei de rotas, só para não passar ali.

Conforme referi noutra crónica, estas barras pesam 60 gramas, das quais 22 são proteína. Não são barras de chocolate normais, das que se vendem nos supermercados. Estas vendem-se em lojas de desporto, são específicas para desportistas. Porque isto não vai lá com bolachinhas ou com as normais barras de cereais.

Quando regressei ao centro de Santo António e à minha bicicleta, bati ao portão, e as duas Anas tinham uma surpresa para mim. A Ana filha pediu-me para esperar um pouco e trouxe-me este saquinho de doces. Não é fácil transportar doces moles em guardanapos e sacos plásticos, e a Ana disse-me que ficam assim um pouco esborrachados, mas eu agradeci, claro, não faz mal. Ainda terão que ir na minha mochila até à Ribeira Grande, pois eu não consigo comer estes doces todos agora. Ora que simpáticas. Vou provar estes belos docinhos de Santo António.

E agora arranjar um táxi para levar-me de volta à Ribeira Grande. São 12h20. Em circunstâncias normais eu prosseguiria caminho, iria em frente, sempre à beira-mar, é quase plano, mas hoje, além de almoçar, tenho que preparar as bagagens e a bicicleta para a viagem de amanhã. Tenho um voo às 6h30 para a ilha de Santa Maria.

Ora sendo domingo dia de festa, será difícil arranjar um táxi, disse-me a Ana. E telefonou para um taxista seu conhecido, mas efetivamente ele não está de serviço. Esse seu conhecido sugeriu um taxista de Capelas e perguntou se queríamos o número. Então eu fui ver à internet, no telemóvel, contactos de táxis de Capelas. Telefonei, e sim, vem aí um taxista de Capelas buscar-me. Agradeci-lhe uma vez mais o cuidado. Guardou-me a bicicleta, ofereceu-me doces e tentou arranjar-me um táxi, no meio do bulício todo das festas. Nem é um dia normal, a Ana anda particularmente ocupada, mas não deixou de prestar-me atenção. Fantástico, agradeci-lhe muito, não esquecerei.

Aí está o taxista Filipe, de Capelas, que vem buscar-me.

Usamos sempre máscara, eu e os taxistas, durante as viagens. Sem exceção. Nesta viagem foram 18 km e paguei 15€.

Cá está o cartaz que referi na crónica 12. Praia não vigiada e com correntes que levam as pessoas para longe.

Voltei ao restaurante de ontem. Onde sou bem tratada, volto. E voltaram a guardar-me a bicicleta na garagem. São agora 13h21. Hoje é domingo, as pessoas vêm almoçar mais tarde. Efetivamente depois de eu chegar chegaram mais 3 grupos de pessoas.

Filetes de peixe, 8,5€.

A bicicleta ficou na garagem do restaurante, novamente.

O meu espólio de doces! São agora 2 da tarde, cheguei ao alojamento e vou comer a sobremesa. Eu não bebo às refeições, recordo, mas gosto de beber depois. Bebi o sumo feito nos Açores; comi a laranja; e dois ou três doces. A Rossana ofereceu-me dois bolinhos de feijão (selados, estavam na sala do pequeno-almoço com um papelinho, guardados para mim), e eu ainda tinha um no quarto. Os doces das Anas são absolutamente deliciosos também, espantosos. Estes micaelenses querem matar-me com mimos.

São 14h42. Como vêem, o tempo passa depressa. Parecia que era muito cedo, vir embora às 12h20 de Santo António. Mas tudo leva tempo. E agora ainda tenho de descansar um pouco, com esta barrigada de comida e doces. Estou estendida na cama. Os pássaros cantam, e os pombos arrulham e raspam no telhado.
Já irei fazer as bagagens e desmontar a bicicleta. Que seca. Às 20 ou 21 estarei a dormir. Amanhã tenho de acordar às 3 da manhã, que horror. Virá um táxi buscar-me às 4h30.

Hoje fiz 35,2 km na bicicleta. Estive 4h06 horas em movimento, e 2h32 parada. Velocidade máxima 34,9 km. Enquanto estive em movimento, andei a uma média de 8,6 km / hora.

Eis o detalhe diário na ilha de São Miguel:

Dia 1
Aeroporto / Ribeira Grande
4 km bicicleta
23 km táxi

Dia 2
Lagoa das Sete Cidades
37,3 km bicicleta
86 km táxi

Dia 3
Achadinha
52,4 km bicicleta
26 km táxi

Dia 4
Água de Pau e Ribeira Grande
28 km bicicleta
19,5 km táxi

Dia 5
Santo António
35,2 km bicicleta
18 km táxi

Dia 6
Ida para o Aeroporto
23 km táxi

Total São Miguel
156,9 km bicicleta
195,5 km táxi

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