012 – São Miguel – Porto da Caloura & Ribeira Grande

São 10h30 e tenho 22 km feitos na bicicleta.

Deram jeito, estas casas de banho. Gratuitas e limpas.

Ai ai, e eu que não trouxe o fato de banho.

Mais uma bolinha açoriana.

Fui ao restaurante aqui ao lado, tinham saladas César de atum e salmão, e lapas grelhadas. Estou cheia de fome, gosto de comer a esta hora, são 11h. Mas o rapaz não quis atender-me por causa da bicicleta. Encostei a bicicleta a dois caixotes do lixo, grandes, dentro da esplanada. Com sacos pretos. E sentei-me na mesa ao lado. Não gosto de ficar sentada ao pé de caixotes do lixo, mas por causa da bicicleta fiquei. Existem umas 25 mesas, só duas estão ocupadas. Há 3 pessoas em toda a esplanada, comigo 4. Mas tive que ir-me embora, que remédio, ele recusou-se a atender-me. A bicicleta polui a esplanada, incomoda a multidão de gente que ali está. Quatro pessoas em 25 mesas. Os lixos não, não incomodam nada, mas a bicicleta incomoda. Eu expliquei-lhe que a bicicleta veio comigo de Lisboa, que estou no início duma viagem grande, que não pode acontecer nada à bicicleta, que quero estar a vigiá-la. Mas qual quê. Não me atendeu, tive que ir-me embora e recorri às minhas barras de proteína. Que pena. Queria tanto a saladinha César e as lapas grelhadas. Ainda andei a ver lá fora, mas não havia nada onde prender a bicicleta. Eu não trouxe o cadeado de 2 kg, em aço, trouxe apenas uma corrente pequena e leve, fácil de cortar. E sem a bicicleta presa a lado nenhum, ainda pior. Não confio. Esta é uma zona fortemente turística, não posso confiar.

Entretanto é quase meio-dia, e chamei um táxi para levar-me de volta à Ribeira Grande para eu almoçar lá. Estive sentada nas piscinas naturais. Estão 21 graus e 74% de humidade. Começou a chegar muita gente. Ainda vi o caminho até Vila Franca do Campo, no GPS, a 10 km de distância, mas é sempre pela estrada laranja (principal). Não quero. Já há muitos carros, não me dá pica. Pelo contrário, ir pela estrada principal, com os carros barulhentos a rasar-me, tira-me a pica toda. Quero campo, flores e passarinhos. E vaquinhas.

Acabei por não ficar com o nome do taxista que me trouxe de volta à Ribeira Grande. Está de tshirt azul na foto acima. Foi ele que me explicou que a casa pertence a um belga, e curiosamente passámos por ele, na estrada. Ele ia com um cão, mas eu não reparei nele, só reparei no cão.
Fizemos 19,5 km no táxi e paguei 16,5€. Pedi-lhe para deixar-me à entrada da Ribeira Grande, dado que quero fazer o resto na bicicleta. Agora comi a barra de proteína, não preciso de almoçar já. Cada barra pesa 60 gramas, e tem 22 gramas de proteína. É como comer um bife.
Vou visitar esta praia entretanto.

Ando com preguiça de ir à praia, porém mais dia menos dia terei que ir. Eu adoro praia. Contudo na bicicleta não me dá jeito. Tenho que mudar de roupa, o equipamento de ciclismo não é propício, nomeadamente os calções com esponja. Ainda não será desta.

O elástico que eu tinha para os cantis estragou-se e partiu-se. Os cantis têm que estar presos com um elástico para não caírem em andamento. Quem leu as crónicas de São Tomé e Príncipe, talvez se lembre deste pormenor: os cantis andavam sempre a cair, com os trambolhões pelo caminho, em estradas de terra e pedras. Ensinaram-me posteriormente que é necessário prendê-los um ao outro com um elástico. Então fui agora à loja do chinês (há uma loja do chinês em todas as povoações do mundo!) e comprei estes elásticos.

Nesta foto está um elástico, mas eu vou usar dois. E vamos ver ainda se chego com selim ao final desta viagem. Aquele corte fi-lo em minha casa, em Lisboa, ao deitar a bicicleta de rodas para o ar. É pena. Agora vai andar assim.

Esta é outra praia, mas pelos vistos as pessoas preferem a outra. Vim a saber mais tarde, ao ler um cartaz, que esta praia não é vigiada, e que tem fortes correntes que arrastam as pessoas para longe. Numa das próximas crónicas irei mostrar esse cartaz.

Perguntei a um homem na rua, sentado no paredão, se ele sabia indicar-me um restaurante onde se come bem e barato. Devia tê-lo fotografado, mas eu ainda ando envergonhada. (Isto tem que resolver-se). E ele sugeriu-me este restaurante. No quadro indica: prato do dia 8,5€. E eu vou escolher massa com galinha. A bicicleta não ficou ali, porém. Lá dentro foram simpáticos e disponibilizaram-me uma garagem para guardá-la. Abriram o portão, guardei-a, deixei-a presa com o cadeado para ninguém dar nenhuma voltinha nela entretanto, e fecharam novamente o portão. Almocei descansada. Um atendimento bem diferente do do Porto da Caloura.

Pode não primar em aspeto, mas digo-vos que esta massa é absolutamente deliciosa. Não consegui comer uma boa parte, mas adorei e fiquei com muita pena de não conseguir acabá-la. Uma delícia. Não esquecerei esta massa com galinha, gratinada com queijo e salsichas, da Ribeira Grande.

Às duas da tarde estou de volta ao meu alojamento. Fiz 28 km de bicicleta, hoje. Podia ir à praia, mas tenho preguiça. Hoje é sábado, há muita gente.
Aquele é um sumo de laranja e maracujá feito nos Açores. Trouxe-o do pequeno-almoço, bem como o pêssego.
Tratei do backup das fotos para o telemóvel. À noite fará o backup automático para a cloud.
O telemóvel que usei em São Tomé e Príncipe ficou a funcionar mal, depois do dilúvio do Pico do Príncipe. Este novo que estou a usar agora tem 4x mais memória. Foi comprado propositadamente para esta viagem, uns dias antes, por causa das fotos e dos backups. Tem 64 GB. E mais a bateria novinha em folha, pela necessidade do GPS. A do telemóvel anterior já estava a ficar fraca.

Dormi entre as 15 e as 16h. É uma coisa muito rara em mim, dormir à tarde. Devo dormir uma sesta se calhar uma vez por ano, porque desorienta-me os sonos à noite. Eu tenho que adormecer cedo, cerca das 21 ou 22h, para acordar às 5. Dormir à tarde é arriscado; todavia não consegui aguentar, na moleza e tranquilidade do meu alojamento num sábado à tarde.
Os pombos arrulham mesmo por cima de mim, e os seus corpitos fazem barulho ao raspar.
Já comecei a espreitar a ilha de Santa Maria, no Maps.me. Viajo na 2ª feira para lá. Que caminhos vou eu fazer. O que há para visitar. Não fiz estudo nenhum prévio, de nenhuma ilha, a não ser a de São Miguel, porque era logo o primeiro destino e eu tinha de saber o que fazer. Agora nas próximas ilhas será tudo decidido na véspera.
Curiosamente o Maps.me indica um caminho de bicicleta até à ilha de Santa Maria. É tudo a direito!:

São 130 km e tenho que ir a Ponta Delgada, não posso partir da Lagoa, que seria mais rápido. Também não posso ir direta ao monumento do Colombo, na ilha de Santa Maria, tenho que ir dar a volta lá por baixo. Não há subidas nem descidas, ali na parte do mar! Está flat para a bicicleta!! 🙂

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