050 – Passeio de Barco para Avistar Golfinhos e Baleias
Voltámos a ver o repuxo da baleia mais duas vezes, muito ao longe. O Hernâni levou o barco na sua direção, a toda a velocidade, mas perdemo-la de vista. Deve ter ido para o fundo do mar e terá seguido o seu caminho. Que emoção, só ver os repuxos da baleia. Seria grande, uma baleia de bossa, ou um cachalote, os quais podem chegar aos 16 ou 18 metros de comprimento, respetivamente. Eu até pensei que ela ainda viraria o nosso barco, mesmo sem querer, se andasse perto de nós. Só as ondas que ela provoca, fariam abanar o nosso pequenino barquinho garantidamente.
Eu vi baleias enormes e de bem perto, na Patagónia (Argentina). Ainda tenho que publicar essas crónicas.
Pela segunda vez vimos golfinhos!
Connosco são 15 barcos, todos a falarem entre si. O som propaga-se espantosamente pelo mar, parece que estamos sentados numa sala a conversar. Então queriam saber se eu estou sozinha, onde é que está o marido. E eu respondo-lhes que o marido está em Portugal, que ficou a trabalhar. Perguntam-me se não quero outro aqui. Gargalhada geral. Eu respondo que não posso. Outro pergunta-me se não quero levá-lo para Portugal. Riem-se todos, gozam, e com a Marluce também. Metem-se com ela também. Deixo o segundo e último vídeo que fiz nesta viagem a São Tomé e Príncipe, com 51 segundos, que mostra um pouco desta conversa: Vídeo Morro Peixe II.
Não sei o que se terá passado, não percebi. Aparentemente este peixe caiu dum barco, não sei. O pescador pediu ao Hernâni para lho dar.
Damos o passeio por terminado. Ao regressar a Morro Peixe passamos por muitas vivendas. São as casas de ex-presidentes, ex-primeiro-ministros e ministras, e de empresários também, dizem-me.
Estas árvores são um espanto. O seu nome científico é Adansonia digitata. São os imbondeiros, uma árvore que existe no continente africano, com uma longevidade enorme. A mais velha a morrer, no Zimbabué, viveu cerca de 2.500 anos antes de entrar em colapso ao longo de 2010 e 2011. As outras três árvores que morreram, incluindo uma no Botsuana, tinham 1.250 a 1.500 anos de idade.¹
Ao longo do Zambeze, as tribos acreditam que os imbondeiros existiam ao contrário, a parte das folhas eram as raízes, mas que eram orgulhosos demais. Os deuses ficaram zangados, arrancaram-nos e atiraram-nos de volta ao chão de cabeça para baixo.²
Infelizmente não ficou bem focada, esta foto. Com o barco em andamento e a balançar fortemente nem reparei, devia ter tirado outra com maior velocidade da câmera, para congelar a imagem. Mas mantive-a, porque foi a única que tirei. (Esta foto foi tirada a 1/320 sec., f/6.3, 75 mm, ISO 100). De qualquer forma irei ter a oportunidade de fotografar novamente este tipo de árvores, daqui a uns dias.
Foto retirada de Wikipedia.
O fruto do imbondeiro pode ter até 25 centímetros de comprimento, tem no seu interior um miolo seco e comestível, desfaz-se facilmente na boca e o seu sabor é agridoce. Este fruto é rico em vitaminas e minerais.
Ao dissolver-se o fruto em água a ferver obtém-se sumo, que, depois de arrefecido, é tomado como uma bebida fresca com um sabor muito apreciado em alguns países.
A sua polpa branca, depois de seca, é utilizada para alimentação, em tempos de escassez de comida; também é referida como cura para a malária.
Tem duas vezes mais cálcio que o leite e é rico em anti-oxidantes, ferro e potássio, e tem seis vezes mais vitamina C do que uma laranja. As folhas podem ser comidas e as sementes produzem óleo comestível.
Em 2008, a União Europeia aprovou a utilização e consumo de fruto de Imbondeiro como ingrediente em barras de cereais.¹
Algumas pessoas acreditam que as mulheres que vivem em kraals, onde os imbondeiros são abundantes, terão mais filhos. Isso é cientificamente plausível, pois essas mulheres terão melhor acesso às suas folhas e frutos ricos em vitaminas, para complementar uma dieta deficiente em vitaminas.²
Um antigo hotel, agora encerrado. Aparentemente o dono morreu e os filhos ainda não pegaram nisto, contou-me o Hernâni.
Repare-se na palmeira Ravenala, ao centro, também conhecida como árvore-do-viajante, com as folhas dispostas em forma de leque. É uma árvore tropical que não tolera frio.
Creio que esta é a praia Guegue, mesmo ao lado de Morro Peixe.
A povoação de Morro Peixe. A casa branca e azul é o museu que visitei na crónica 43.
E ali à direita, na rua principal, há grande aglomerado de gente. Chegou um grupo de turistas, pelo que percebo.
Chegámos às 9h30. O passeio durou 2h50, portanto. Custou 650 dobras (26€), que paguei agora ao Hernâni.
O grupo de turistas é chinês. Há muito turismo chinês em São Tomé e Príncipe, disseram-me o Hernâni e a Marluce. Curiosamente são os primeiros que vejo. No Príncipe não me cruzei com nenhum. Hoje é o 5º dia em que estou em São Tomé, num total de 17.
¹ “Adansonia digitata” (s.d.) Wikipedia. Página consultada a 5 Novembro 2019,
<https://en.wikipedia.org/wiki/Adansonia_digitata>
² “Adansonia digitata” (s.d.) Wikipedia. Página consultada a 5 Novembro 2019,
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Adansonia_digitata>