111 – Graciosa – Caldeira
Pertencem à obras públicas, estão a limpar as bermas da estrada.
A entrar na Caldeira.
Li o seguinte no Centro de Interpretação dos Vulcões:
A Graciosa é a segunda ilha mais pequena do arquipélago (com uma área de 61 km²) e é, também, a que apresenta menor altitude, com cerca de 405 metros no seu ponto mais elevado.
A ilha Graciosa possui, ainda, o mais pequeno vulcão poligenético dos Açores (o vulcão da Caldeira), que ocupa aproximadamente a sua metade Sudeste. A zona Noroeste da ilha, por seu turno, é dominada por um campo de cones de escórias basálticas e escoadas lávicas associadas.
A última erupção vulcânica ocorrida nesta ilha corresponde à atividade associada ao Pico Timão, há menos de 2000 anos.
Temos três pontos aqui:
1º: Aqui já é o “Vulcão da Caldeira”, não o “Vulcão Caldeira”, conforme expliquei na crónica 110. Pelos vistos dá para dizer das duas maneiras.
2º: A altitude máxima da ilha não é unânime. Uns dizem 402 metros, outros 405. No Museu da Graciosa a placa exposta diz 402 metros. A Wikipédia então diz as duas coisas na mesma página: num parágrafo é 402 metros, no parágrafo seguinte é 405 metros. (Para quem ataca a Wikipédia tem aqui uma oportunidade de fazê-lo).
São apenas três metros, certo, mas isto tem acontecido em algumas ilhas – a altitude máxima á variável conforme a fonte. Eu pressuponho que os vulcões não subam e desçam, porquê tantas altitudes? Já na crónica 59 tive a mesma discussão. Alguma alma caridosa terá de vir pôr ordem nisto, um dia. Alguém tem que subir ao topo, com um bom aparelho de medição, e publicar a altitude certa em fontes oficiais.
3º: Um vulcão poligenético significa que se formou após várias erupções. De acordo com a Infopédia: “diz-se do vulcão resultante de inúmeras erupções seriadas ao longo da sua história geológica (em contraste com monogenético)².”
Na crónica 48 falei dum campo vulcânico poligenético: um grupo de vulcões poligenéticos, cada um dos quais erupciona repetidamente.
Saímos todos com um curso de vulcões, destas crónicas. Só falta sabermos o que é um piroclasto pomítico.
Dentro da Caldeira existe a Furna do Enxofre, uma caverna lávica. As visitas abrem às 10h. São agora 9h15.
A bicicleta fica aqui presa e eu vou dar uma volta, a fazer tempo até às 10h.
Não tenho nada para fazer, o que esperam?
– Olá Rute!
– Olá passarinho! És um tentilhão, não és?
– Sou! Vieste conhecer a gruta?
– Sim. É bonita?, já lá foste?
– Sim, fui, espreitei numa das aberturas. Mas tens de ter cuidado!
– Cuidado porquê?
– Porque podes morrer lá dentro.
– Credo, passarinho, como assim?
– O ar não é bom para os humanos. Nem para mim.
– Eu vou ter cuidado, passarinho. Vou perguntar antes de entrar.
– E não tens nada para mim?
– Oh passarinho, só tenho uma barra de proteína, tu não gostas.
– Não tens bolachas? Todos os humanos andam com bolachas na mala.
– Não, passarinho, não tenho comido bolachas aqui na tua terra.
– Então pronto, vai visitar a gruta, adeus.
– Adeus passarinho, vive bem.
Estes são os níveis agora. À altura do lago tem 13,6% de volume de dióxido de carbono (CO2). De acordo com a tabela anterior, em poucos minutos posso ficar inconsciente por insuficiência de oxigénio. Mas a recuperação será rápida assim que me levarem para um ambiente ventilado. Ok, maravilha, vamos a isso. Ainda bem que não sou pesada, poderão transportar-me facilmente ao colo.
(Estou a brincar… eu vou ficar no nível intermédio – 4,9% de volume, ou seja, vou respirar duas vezes mais depressa, poderei ter dores de cabeça e fraqueza muscular. A partir dos 5% poderia sentir náuseas, tonturas, ruído nos ouvidos, sonolência, depressão. Pronto, vim à Furna do Enxofre para dormir e ficar deprimida).
¹ “Ilha Graciosa” (s.d.) Placa exposta no Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, Faial, julho 2020.
² “Poligenético”, Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa, Online. Porto: Porto Editora, 2003-2021. Página consultada a 23 fevereiro 2021,
<https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/poligenético>