051 – Corvo – Regresso & Almoço
Esta barras de proteína pesam 60 gramas e têm 22 gramas de proteína. Já comi dez até agora, nestes 15 dias. Trouxe 28. Acho que não vou dar conta de tanta barra de proteína. Mas no ano passado fizeram-me falta, havia menos alimento em São Tomé e Príncipe, conforme comentei na crónica 35 dessa viagem.
E já bebi 7 géis energéticos. Trouxe 20.
O bezerro morto continua ali, o dono ainda não veio buscá-lo. São agora 12h56, passaram-se três horas.
Estou a regressar à vila por outro caminho diferente do desta manhã. Esta manhã fui pelo Miradouro da Cara do Índio. A minha posição atual está indicada pela seta azul. O meu destino é onde está a bandeira axadrezada. O Maps.me indica que são 2,4 km de distância, e que se eu andar a uma média de 4,2 km / hora, chegarei lá às 13h52. São agora 13h08.
O meu caminho é por ali.
Passei e as vaquinhas nem se mexeram.
Faz-me falta a minha bicicleta. Confesso que isto de andar a pé não é bem a minha onda.
Mal cheguei à estrada, vem este carro e o condutor pára. Vai para a Vila? – perguntou-me. Sim, vou. Venha daí!
Ora eu que não sou muito amiga de andar a pé, e tendo já feito esta subida e descida na bicicleta, bem como a pé esta manhã, claro que aceitei a boleia de bom grado. São 2 km. São menos 2 km que eu ando a pé, e o almoço na Alzira espera por mim. São agora 13h28. O restaurante fecha às 14h e efetivamente já telefonei à Alzira a reservar um almoço: costeletas de vitela com batatas fritas.
Este senhor chama-se Manuel Rita. Esteve 3 anos em Angola, na guerra; esteve 16 anos na América a trabalhar; e foi autarca durante 12 anos aqui na ilha do Corvo.
Eu perguntei se punha a máscara antes de entrar no carro, ao que o Manuel Rita me respondeu: “Qual máscara, aqui no Corvo não há nada!”. (Eu sou muito disciplinada, se me mandam pôr a máscara, eu ponho!). Vim posteriormente a descobrir que o Manuel Rita é dono do único hotel existente aqui na ilha. Está habituado a turistas que se metem por todo o lado, pois claro.
De tshirt branca, a andar, vai o filho da Alzira, a dona do restaurante (dona juntamente com o marido). Chama-se José Pedro, tem 16 anos e vai seguir a área de Desporto, nos estudos. Foi colocado em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Não existe a área de Desporto aqui na ilha do Corvo, pelo que ele tem que ir estudar para fora. Conforme expliquei na crónica 44, aqui no Corvo existem apenas duas áreas: a de Línguas e a Científica. A Alzira não gosta de ver o seu filho de 16 anos ir-se já embora, está triste a apreensiva. Mas o José Pedro mostra grande determinação. Nos seus 16 anos já sabe o que quer e está disposto a abdicar do conforto do lar para fazer o que gosta. Efetivamente o que um rapaz ou rapariga estudam aos 16 anos de idade, tornar-se-á decisivo no resto das suas vidas.
E lá ao fundo, sentado junto à janela, está o diretor do museu de Angra do Heroísmo, virei a saber mais tarde. Veio cá em trabalho, tratar com certeza de alguma coisa com o museu do Corvo.
Costeletas de vitela, que graças ao Manuel Rita consegui comer dentro do restaurante, em vez de levar numa caixa. 6€.