106 – Passeio Matinal de Bicicleta até que a Fronteira Abra
O despertador tocou às 5.15h. Deitei-me às 21.20h de ventoinha ligada, à porta do quarto. Fechei a porta às 3.30h com frio. Mandei calar uma osga no meu quarto, ela interrompeu o canto e foi-se embora. Não houve melgas. A própria dona da casa disponibilizou-me um spray anti-mosquitos para pôr às 6 da tarde, antes de jantar. Efetivamente dormi pouco. Ir à casa de banho às 3 e meia da manhã é uma operação complicada. Fui de lanterna, para não estar a acender as luzes. (Eu trouxe uma lanterna comigo, de Lisboa). Estar ensonada em pé de de joelhos dobrados, depois os pés ficam com salpicos de xixi… não consigo habituar-me a estas sanitas no chão, os chamados vasos sanitários de agachamento – em inglês: “squat toilet”. Já viajei por alguns países com estas sanitas no chão, e nunca compreendi como é que as pessoas fazem xixi sem haver salpicos para fora e consequentemente sujarem os pés e pernas com eles. Já na China levantei esta questão, na crónica 9. Até hoje nunca recebi resposta de ninguém, com a técnica. Se calhar não existe técnica nenhuma, os asiáticos andam com os pés salpicados de xixi e pronto.
Banana frita e arroz cozido. O arroz cozido é um pequeno-almoço habitual em Timor. Não tem doce nenhum, e diria que nem tem sal. Não sabe a nada. Mas o Valério e o Sanches adoram-no. Eu ainda me esforcei por comer uma ou duas colheres, o Sanches riu-se e incentivou-me, mas caramba, custa um bocado para quem não está habituado. Ao menos um bocadinho de sal. Um bocadinho de açúcar, qualquer coisa. Lá saudável é o arroz, de facto.
Às 7 horas arranco. A fronteira é mesmo à minha frente, da casa onde pernoitei. Hoje vou para Maliana e Suai.
E afinal a fronteira só abre às 8. Isto está complicado… Agora tenho uma hora. Então vou dar uma volta na bicicleta durante uma hora. O Valério e o Sanches ficam na pickup, na fronteira. Pediram-me para estar aqui uns minutos antes.
Numa hora em bicicleta podem fazer-se muitos quilómetros. Interessa é que eu não me perca. Não vou sair da vila.
Mota-Ain – apesar de ser uma aldeia indonésia – tem um nome em tétum, o qual significa literalmente “ribeira-ao pé”, ou seja “foz da ribeira”, ou mais à letra, “aos pés da ribeira”. Efetivamente a ribeira está aqui muito perto.
Aí vai esta coisinha linda tão compenetrada para a escola. Hoje é sábado, pelos vistos há aulas.
E faz parte do style, as tiras dos sapatos desapertadas.
Reparem que são sete e pouco da manhã. Falámos em inglês, expliquei-lhes que estou à espera que a fronteira abra.
No meu pequeno passeio por Mota-Ain ainda consegui fazer 5 km na bicicleta. Agora estou de volta à fronteira. Faltam 15 minutos para abrir. O Valério entretém-se com jogos de telemóvel.
De volta a Timor-Leste!
Acabei de atravessar a fronteira em Mota-Ain, e dirijo-me agora para Maliana, onde almoçarei, e depois Suai, onde pernoitarei. Hoje estou no 22º dia da viagem, num total de 26.