087 – Precisamos de Rupias e de Almoçar
O novo pneu da bicicleta faz muito barulho. Algo aqui não está bem. As pessoas apercebem-se da minha chegada ainda eu vou longe, com tamanho barulho. Neste silêncio parece que vou numa mota. Vamos ter que resolver isto.
Chegamos a Kefa (nome abreviado de “Kefamenanu”) e eu passo para o tabuleiro da pickup. O Valério e o Sanches andam em busca dum banco para trocar dólares por rupias. Recordo que a moeda usada em Timor-Leste é o dólar americano.
Uma loja de bolos! Como me encantam as lojas de bolos. Em Timor-Leste ainda não há nenhuma, pelo menos que eu tenha visto em Díli, não há. São sinais de riqueza, estas lojas de bolos. Já há dinheiro para bolos e lojas de bolos.
Um bolo custa 2.500 rupias. A rupia não vale nada. Dez mil rupias são 60 cêntimos de euro. Eu nem tenho bem noção destas contas e preciso de recorrer à máquina calculadora do telemóvel para me entender com isto. 2.500 rupias são 15 cêntimos. Eu estou esgalgada com fome, mas ninguém tem rupias! Já corremos metade dos bancos de Kefa, e ninguém converte dólares em rupias. Estamos tramados. Precisamos de rupias para almoçar! Ninguém quer dólares americanos por aqui.
Recordo que eu vou em pé no tabuleiro da pickup, o que me dá uma visibilidade tremenda da cidade.
Mais outra loja de bolos. Já estou a ficar nervosa com a falta de rupias e tantos bolos à minha volta. Mas efetivamente eu quero almoçar, não quero bolos.
Vamos almoçar! O guia Sanches trouxe algumas rupias consigo, de Timor-Leste, e hão-de chegar para o almoço. Senão passamos a tarde toda a entrar em bancos, cheios de fome. Agora vou experimentar a comida indonésia. O sistema é o mesmo de Timor-Leste, apercebo-me. A comida já está feita e exposta em tabuleiros.
Fui moderada na escolha. Eu não quero comer picante, o que limita também as opções. À esquerda é um ovo estrelado. Junto ao ovo cozido está batata doce frita. Não convém eu fazer grandes experiências alimentares enquanto pratico desporto. Andar de bicicleta com dores de estômago não é agradável. E estava tudo saboroso.
(E mais um sumo de mirtilo, sob insistência do Valério para que eu bebesse alguma coisa. Normalmente não bebo às refeições. Bebo litros de água durante o dia. Este sumo é curioso, vem com mirtilos inteiros dentro da lata. Dado que bebi diretamente da lata, não foi sem surpresa quando entrou o primeiro mirtilo na boca, inesperadamente).