069 – 15º Dia, a Caminho do Enclave de Oecusse
Dormi umas belas 8 horas até às 5.45h da manhã, hora a que o despertador tocou. A coisa já está resolvida, já regularizei os sonos de acordo com o fuso horário de Timor-Leste, que tem 8h a mais relativamente a Lisboa. Cumprido o ritual do protetor solar e do anti-mosquitos, seguido pelo pequeno almoço, partimos às 7 da manhã. O Valério veio buscar-me à Vila Cardim, carregámos as bagagens e as bicicletas, e parto para já na pickup para ir buscar o Sanches, o guia da Timor MEGAtours que conhece a parte indonésia da ilha de Timor, e portanto vai connosco para indicar o caminho ao Valério, além de tratar das burocracias da passagem da fronteira. O Valério vai estrear-se também na Indonésia. Eu dissse ao Eduardo Massa, da Timor MEGAtours, que eu o Valério nos haveríamos de desenrascar sozinhos, não têm um GPS? Mas não, a agência quis colocar um guia connosco. A parte das fronteiras, sobretudo, é muito complicada, virei a perceber.
Recordo que me foi dado a escolher entre ficar num hotel (com pequeno almoço incluído) ou num apartamento. Na crónica 4 optei pelo apartamento, devido ao silêncio e tranquilidade. No apartamento não servem refeições, pelo que recorri com prazer aos cereais que trouxe de Lisboa.
Chegada a casa do guia Sanches, o qual irá acompanhar-nos nesta parte da Indonésia.
A mulher do Sanches e o próprio. Às sete e pouco da manhã levam com uma inesperada sessão fotográfica.
O filho do Sanches. Felizmente bem mais bonito do que o pai!
Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
Estátua de Nicolau Lobato, nomeado em 1977 Presidente da República Democrática de Timor-Leste, Presidente da Fretilin e Comandante-em-Chefe das Falintil. Morreu no ano seguinte, nos combates contra a invasão indonésia. Tinha então 32 anos de idade. O aeroporto de Díli também tem o seu nome.
Já com o Sanches connosco, dentro da pickup, perguntei ao Valério se não seria oportuno eu ir de bicicleta, nesta bela estrada à beira mar plantada. Aparentemente eles acham que tem muito trânsito. Haviam de andar em Budapeste, Copenhaga, Viena, Lisboa…. para saberem o que é trânsito intenso. Já nem digo Amsterdão, que praticamente tem só vias reservadas para ciclistas. De qualquer forma hoje temos uma restrição de horário: às 17h a fronteira fecha, pelo que temos de despachar-nos. Bom, mas até às 17h ainda farei umas dezenas de quilómetros na bicicleta, e outros tantos na pickup.
Uns poucos metros mais à frente, já na bicicleta, nesta estrada, vou deparar com um cenário horrendo: um leitãozinho atropelado, morto e ensanguentado, enquanto a mãe, rodeada de outros pequenos leitões, lhe toca com o nariz e o lambe. A pequena criatura inanimada e ensanguentada, e a mãe sem o largar. Acelerei e olhei em frente. Nem posso ver isto. Claro que com tantos animais a circularem livremente à beira da estrada, galinhas e porcos sobretudo, isto tem de acontecer.
É “Liquiçá” que se escreve, e é nessa direção que vou. O Valério está na estrada que vira à direita, à minha espera.
Eu estava a fotografar as duas casas, e quando disparei passou o rapaz na bicicleta. Imediatamente desviei a mira para ele, a pedalar. E ele respondeu-me, fez-me adeus.
A casa da esquerda diz “Posto Polícia Nacional de Timor-Leste”.