033 – Chegada ao Loré

Mal sabe este miúdo a importância que viria a ter na minha viagem. É que se ele vai ali… eu também posso ir. Mas porque carga d’água vou eu sentada dentro da pickup, quando não vou na bicicleta? Ah pois é. Me aguarrrrda…

Eis o meu guia local, neste percurso de dez quilómetros pelo meio da floresta. (Dez para lá, outros dez para cá). O Valério, sabendo que eu desapareço facilmente, e que não quero andar junto à pickup (só me faltava no silêncio da floresta andar com um motor barulhento atrás de mim…) achou por bem arranjar-me um guia local. Ou uma escolta – e precisamente de bicicleta. Esta é a minha bicicleta suplente. Vai ter uso pela primeira vez, nesta viagem. O Valério seguirá bastante à frente, na pickup, com água e todos os mantimentos do almoço.
O guia chama-se Daniel, vive na aldeia piscatória da crónica 31, e tem como missão zelar para que eu não desapareça no meio da floresta tropical em que vamos entrar. Mal contenho a impaciência.

É sempre uma emoção ver uma floresta de manguezais. É a segunda que vejo, na minha vida. A primeira foi na Amazónia, e vou citar-me a mim própria, nessas crónicas da Amazónia (as quais ainda terei que publicar neste site, pois foram enviadas na altura apenas a meia dúzia de pessoas, por email):

Atenção que “manguezal” nada tem a ver com mangas. O manguezal é típico dos países tropicais: solo lodoso, salgado e muito rico em nutrientes, ocupado por árvores denominadas mangues. O manguezal é um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho. Característico de regiões tropicais e subtropicais, está sujeito ao regime das marés. Nele se dá o encontro das águas de rios com a do mar, produzindo água salobre. O ecossistema manguezal está associado às margens de baías, barras, enseadas, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa.
É no mangue que peixes, moluscos e crustáceos encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo. O manguezal possui grande valor ecológico e económico. Os mangues produzem mais de 95% do alimento que o homem captura do mar.
A vegetação de mangue serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa.

Muitas atividades podem ser desenvolvidas no manguezal sem lhe causar prejuízos ou danos, entre elas:

  • Pesca desportiva e de subsistência, evitando a sobrepesca, a pesca de pós-larva, juvenis e de fêmeas ovadas.
  • Cultivo de ostras.
  • Cultivo de plantas ornamentais (orquídeas e bromélias).
  • Criação de abelhas para a produção de mel.
  • Desenvolvimento de atividades turísticas, recreativas, educacionais e pesquisa científica.

Relativamente aos impactos ambientais, os principais fatores que causam alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do manguezal são:

  • Aterro e Desmatamento
  • Queimadas
  • Deposição de lixo
  • Lançamento de esgoto
  • Lançamentos de efluentes industriais
  • Dragagens
  • Construções de marinas
  • Pesca predatória¹


¹ Portal de Ecologia Aquática, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (s.d.), “O Ecossistema Manguezal”. Página consultada a 21 de Outubro de 2018,
<http://ecologia.ib.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=70&Itemid=409>.

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