020 – Sexto Dia – A Caminho de Lospalos e Tutuala

Voltei a adormecer cedo, pouco depois das 21h, mas acordei à meia-noite e meia e fui sentar-me no magnífico terraço da guesthouse, com o mar à frente. Pelo caminho apanhei um sapo com uns dez centímetros. Infelizmente não tinha a máquina fotográfica comigo. Tenho de andar sempre com a máquina, eu já sei que é regra de ouro, mas mesmo assim escapa-me. Ainda ponderei levar o sapo comigo para o quarto, para ir buscar a máquina, mas achei um bocado arriscado. Se ele me escapa da mão, fico com um sapo em fuga no meu quarto. É capaz de não ser boa ideia. Que pena, fiquei sem uma foto do único sapo que apanhei durante esta viagem a Timor.
Sentei-me no terraço, tudo deserto, a ouvir as ondas do mar, a ver os caranguejos na praia, e mais uns bicharocos a andarem à volta da minha cadeira, metidos em cascas de caracóis mais pequenas do que berlindes. Ainda agarrei num, mas saiu o que parecia uma aranha lá de dentro, aparentemente pronta a abandonar a casca, pelo que o larguei imediatamente. Não sei que bicharoco é este.
Estive imenso tempo ali sentada, embrulhada na toalha de praia, a ver o mar. É no que dão as sestas. Entretanto voltei para o quarto, antes que me constipe. Às três e meia da manhã começa um galo a cantar. E adormeci até que o despertador tocou às 6h. Dormi cerca de seis horas, portanto, e divididas, o que não é propriamente suficiente. Ainda ando com os sonos destrambelhados, e as sestas não vêm ajudar nada. Logo à noite se calhar é altura de dar uso aos comprimidos para dormir, que o médico me receitou para esta viagem, para atinar com a diferença horária da Ásia. Aqui são 8h a mais. Não é fácil o organismo habituar-se assim tão depressa a tamanha diferença horária.

Seis e pouco da manhã. O forte e bonito cão dos donos da guesthouse, provavelmente. Portou-se bem esta noite, não ladrou com as minhas andanças noturnas.

O belíssimo terraço da guesthouse.

Reparem que não há manteiga. Ou qualquer outra coisa para barrar o pão. Foi frequente servirem o pequeno almoço assim. O que me vale é que ando sempre com a manteiga de amendoim.

Outra visão do meu quarto, a acrescentar à foto que tirei na crónica 18, quando cheguei. Agora estou de partida, a mala já está feita.

Partimos às 7.20h. Eu na bicicleta, o Valério na pickup. Hoje vou fazer 59 km na bicicleta.

Desde que saí da guesthouse até aqui terá passado se calhar um quilómetro. Mas agora começa a subir, por estradas esburacadas, pelo que o Valério guardou a bicicleta e eu passei para a pickup. Subidas não é comigo. Até as faria, mas esta viagem em vez de 26 dias teria 260.

É hora de passar novamente para a bicicleta. Agora é a direito, ou a descer.

Tão concentrada estava nos cavalos, que nem reparei na colorida planta que está no canto inferior direito. Só a vi posteriormente, na foto, já no computador. E ainda há outra do lado esquerdo também. É uma planta do sul da Ásia, e já a tinha visto na China (crónica 74). Desconfio que se chama Arisaema triphyllum, mas não tenho a certeza. Se alguém souber, que me diga.

As campas com oferendas – comida e bebida.

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