007 – Centro de Saúde de Metinaro
Eis o meu primeiro centro de saúde desta viagem. Claro que vou bisbilhotar.
Os cartazes à entrada são reveladores: um aconselha a lavar as mãos (foi-me posteriormente traduzido: “Agarre a sua paixão com as mãos limpas”); outro mostra os primeiros sinais da lepra. Em Timor ainda há lepra. Mais à frente irei falar com uma entidade australiana, ou mais propriamente com um funcionário timorense dessa entidade, numa pickup que corre o país para acompanhar e tratar os casos de lepra. Lá chegaremos.
Apanhei a médica de braços no ar. Creio que será a médica, pelo menos está a atender os pacientes.
Este papel atraiu-me a atenção pela palavra “Estrangeiro”. Isto será comigo. O chefe do Centro de Saúde de Metinaro, Alexandre Martins Casimiro, mandou afixar este comunicado a 9 Março 2018, sobre qualquer coisa ligada aos estrangeiros. Se eu precisar de ser atendida se calhar preciso dum “selu”. Ou então é ao contrário, todos precisam dum selo exceto os estrangeiros. Bom, eu por enquanto estou saudável e não preciso de assistência nem de selos.
[Nota! – recebi a informação, já posteriormente à publicação desta crónica, que “Selu” significa “pagar”. Imagine-se, quem diria, uma palavra não tem nada a ver com a outra. E portanto este comunicado afixado na parede explica que os estrangeiros têm de pagar a consulta! Muito bem, ficou esclarecido. Têm de pagar e têm de perceber tétum, já agora. Mas eu continuo saudável, não preciso de pagar nada, e sigo caminho].
Parei a bicicleta e fui visitar estas gentes ao seu próprio quintal. Entrei-lhes pelo quintal adentro, literalmente. Ainda tentámos tirar uma foto todos juntos, mas ficou mal.
É bom que assentem a terra com água, sim. Comi tanto pó, neste percurso…
Uma mercearia.
Enquanto constroem e não constroem a estrada, eu passo para a pickup. Agora serão alguns quilómetros de estrada deserta e empoeirada, em construção. Daqui a pouco já volto à bicicleta novamente.