092 – 27º Dia, Praia de Abade & As Lavadeiras
Ontem nem consegui programar o despertador no telemóvel, porque este simplesmente bloqueou. Coitado, está a pifar. Devido à chuvada torrencial que apanhou no Pico do Príncipe, na crónica 32. Não consigo desbloquear o telemóvel nem por nada. Mas eu já sei que daí a umas horas ele desbloqueia, e volta a funcionar. Adormeci às 19h, mas depois acordei à uma da manhã, e efetivamente a sua birra já tinha acabado, e programei então o despertador. Mas mexer no telemóvel a meio da noite calculo que desperte qualquer pessoa. Só irei adormecer daí a algum tempo.
À uma da manhã parece que chove muito, mas fui à cozinha ver, e afinal é vento. O céu está estrelado. Janelas e portas estão escancaradas. Agora a luz da cozinha fica acesa durante a noite. É daquelas de poupança, de presença, pelo que percebo.
A aranha não apareceu pela segunda noite consecutiva. Nem sequer a barata. Será que a Virgínia as matou?
Despertador às 4. Desta vez com a agitação a meio da noite, custou um bocado. Faz frio, tenho três camisolas vestidas.
A primeira coisa a fazer é tirar tudo do frigorífico para não tomar o pequeno-almoço muito frio. E ponho dois ovos a cozer. Hoje serão cozidos.
Às 5h15 ainda é noite lusco-fusco, mas os pássaros fazem grande algazarra de cantos, com os seus biquinhos esfomeados. Parto às 5h35.
O destino é a Boca do Inferno, passando pela Roça Água Izé.
Recordo que todos os pontos assinalados no mapa significa que estive lá. Este mês em São Tomé e Príncipe deu para conhecer muita coisa! Quase tudo!… Quase… Ficou a faltar a Maria Correia na ilha do Príncipe. E mais umas aldeias aqui e além… Mas as duas ilhas foram bem desbravadas, estou satisfeita!!
São 5h39, este é o quiosque que vende pão e que está mesmo ao lado do meu hotel. Aproveito para reservar já dois pães. Devo ser a primeira cliente do dia. E nota-se perfeitamente que as noites estão maiores. Hoje é o 27º dia desta viagem: nos primeiros dias a esta hora já via o sol!
São 6h05 e os primeiros quilómetros foram feitos a toda a velocidade, em alcatrão, a descer. Nem houve paragem para fotos. Já fiz este caminho algumas vezes, nomeadamente nas crónicas 45 e 61.
“Força! Força!”, diz-me um velhote a caminhar em sentido contrário ao meu. Eu a fazer uma daquelas subidas a pé.
São 7h17, faltam 3 km para o meu destino final, a Boca do Inferno. Vou fazer uma interrupção no meu percurso para ver o que há para aqui. Que entrada é esta.
Aqui é a Praia de Abade, e está cheia de movimento!
Aqui desagua o Rio Abade.
É a Mulata, da crónica 63! Eu nem a reconhecia, ela vinha com um alguidar cheio de roupa, na cabeça, e cumprimentou-me. É a dona do “restaurante” onde eu almocei na crónica 63, em Messias Alves! “Não me conhece?” – perguntou-me ela. E só então é que se fez luz no meu espírito. Disse-me que conta estar aqui até às 14h. Trouxe comida.
E eu despeço-me de si com dois beijinhos, são agora 7h50, estou aqui há meia hora, e vou prosseguir o meu caminho em direção à Roça Água Izé, e depois à Boca do Inferno.