049 – 16º Dia, de Mota a Caminho de Morro Peixe & Passeio de Barco
Despertador para as 4h, no entanto acordei poucos minutos antes. Já estou a habituar-me a este ritmo. E antes de tudo, em primeiro lugar, há que pôr o repelente de insetos. Atacam ao amanhecer, precisamente quando ando a despachar-me de luz acesa. Esta zona é fresca, porém. Recordo com estou a dormir com uma camisola de manga comprida por cima duma tshirt. Todavia irei percorrer a ilha, logo aos primeiros raios de luz, pelo que tenho de estar protegida, independentemente desta zona ser fresca ou não.
O Pajó vem buscar-me às 5h30, por 300 dobras. Vai levar-me a Morro Peixe, onde me espera uma canoa para avistar golfinhos e baleias. Ele próprio teve de acordar cedo como eu, pois veio de lá, buscar-me. É quase uma hora de caminho. Eu pensava que ele vinha na sua moto-carrinha, mas afinal veio nesta moto. Indicou-me que é dum amigo seu, que é emprestada, e que teria de pagar a ele também, pelo que o meu preço agora é mais caro. Não me recordo quanto, talvez mais 150 dobras, que era o que teria de dar ao amigo. Eu recusei. Cancelamos o passeio. Paciência, não vou andar de barco, fica para outro dia. Mas o Pajó disse que íamos na mesma, pelo preço combinado.
A polícia mandou-nos parar, e eu pedi para tirar uma fotografia, mas o agente riu-se e não deixou. Que pena. Era uma operação stop para verificação de documentos. O Pajó teve de mostrar a carta de condução e os documentos da mota. Tinha tudo em ordem e prosseguimos. A mim não me pediram nada, mas eu tenho o meu passaporte comigo, se necessário.
Este centro comercial só tem lojas chinesas, pelo que me disse o Pajó.
O Pajó conta-me que tem um filho de 3 anos, e que esteve uma semana no Príncipe há 4 meses atrás, com um amigo francês que mora aqui em São Tomé. Conta-me que tem duas casas, uma em Guadalupe, outra na praia das Conchas. Tem uma oficina e mesas na praia onde cozinha para os turistas. És um rapaz com uma vida de sucesso!, disse-lhe eu.
Tudo a fazer exercício, assim é que é! São 6 da manhã!
Chegámos às 6h25 a Morro Peixe.
À direita está o Ju, o guia do museu, que organizou este meu passeio de canoa com um pescador, e ao centro está a Marluce, sua irmã, e com a qual eu já me tinha cruzado anteontem, ao ir para a Praia dos Tamarindos. Foi ela que me abordou nesse dia, na estrada, dizendo-me para ter cuidado. A Marluce irá comigo neste passeio de barco. E o Ju diz-me que afinal não é uma canoa, mas que é um barco maior, com motor. Eu não fiquei contente. Não gosto de barcos grandes com motor e barulhentos, gostos de canoas pequenas e silenciosas. O barco é aquele onde o Ju tem a mão. Mas eles convencem-me que de canoa nunca mais nos despacharíamos, que é muito longe e que levaria muito tempo a remar. Acedo.
O capitão é o rapaz de calções vermelhos. Chama-se Hernâni.
Aí vamos nós os três. O barquinho até é pequenino. E eu ainda estou com um ar ensonado! Partimos às 6h40, sem demoras. Ainda fui à casa de banho do museu, primeiro.
Creio que já toda a gente terá visto golfinhos ao vivo, e eu própria vi sei lá quantas vezes, mas é sempre uma emoção. Ver estes animais no seu habitat natural, a saltarem, livres, contentes, é sempre uma emoção.
Durante esta viagem a São Tomé e Príncipe fiz dois vídeos com o smartphone. Os dois aqui, neste passeio de barco, pois é a única forma que tenho de demonstrar melhor o silêncio. A tranquilidade. Segue o primeiro: Vídeo Morro Peixe I
O grande objetivo deste passeio é ver baleias. Será muito difícil, mas nunca se sabe. Elas aparecem mais em agosto, porém em julho já começam a aparecer também, como diz no cartaz do museu (crónica 43). O Hernâni decide então afastar-se um pouco mais em direção ao alto-mar.
E eis que avistamos ao longe o repuxo de uma. Eu e a Marluce soltámos um grito. O Hernâni não viu, estava a olhar para outro lado. Um tremendo repuxo no mar, duma baleia a respirar à superfície, lá ao longe.