18 – Guimarães

Éramos 5 ao todo, nesta visita guiada. Seis com o motorista. Eu e mais um casal do Brasil, dos seus 50 anos, que andava há mais dum mês e meio a percorrer a Europa; e ainda um casal francês, com os seus 68 anos, talvez, que partia no dia seguinte, após uma semana no Porto.
E o motorista, também já com alguma idade. Contratei os seus serviços num passeio de um dia, com este pequeno grupo, em que foi buscar-me ao hotel, e pôr-me lá também, no final. Almoço incluído.

Almoçar com os quatro – brasileiros e franceses – foi uma aventura. O guia não esteve. É que os brasileiros não falavam francês, e os franceses não falavam português. Bom. Fui eu a intérprete. Mas imaginem o que é ter uma conversa à mesa nestas circunstâncias. Fui praticando o meu francês, são sempre boas oportunidades (e raras).

O pior foi quando o casal brasileiro quis contar aos franceses que um dos pratos típicos no Brasil é feijoada. E agora como é que eu traduzo “feijoada”?, perguntei-lhes… Ao descrever o feijão, descobri que eles perceberam, quando verifiquei mais tarde no dicionário. Pelo menos falaram em “haricot” e eu acrescentei o “noir”. Feijão preto. Uf…

O casal mais idoso de franceses era castiço. Fartámo-nos de falar. Questionaram-me muito sobre as minhas viagens. Têm uma sobrinha da minha idade que também viaja muito, contaram-me.
Nous avons une nièce…
Oui, oui…

Guimarães, no distrito de Braga, é considerada a cidade berço de Portugal porque aqui nasceu Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal; aqui foi estabelecido o centro administrativo do Condado Portucalense; e aqui se deu a Batalha de São Mamede, travada na periferia da cidade no ano de 1128, a qual foi decisiva para a formação da nacionalidade.

Esta estátua de D. Afonso Henriques é uma obra de Soares dos Reis (estátua) e José António Gaspar (pedestal).

Capela de São Miguel, construída no início do século XII. Tem um grande simbolismo pela sua ligação histórica ao período da fundação da nacionalidade e à tradição de ter sido aí baptizado D. Afonso Henriques. No seu interior o pavimento está lajeado com sepulturas que se atribuem a nobres guerreiros ligados à fundação da nacionalidade. Está classificada como Monumento Nacional.¹

Castelo de Guimarães

No século X a Condessa Mumadona Dias, após ter ficado viúva, manda construir na sua herdade de Vimaranes – hoje Guimarães – um Mosteiro. Os constantes ataques por parte dos mouros e normandos leva à necessidade de construir uma fortaleza para guarda e defesa dos monges e da comunidade cristã que viviam em seu redor. Surge assim o primitivo Castelo de Guimarães.

No século XII, com a formação do Condado Portucalense, vêm viver para Guimarães o Conde D. Henrique e D. Teresa que mandam realizar grandes obras no Castelo de forma a ampliá-lo e torná-lo mais forte. Diz a tradição que teria sido no interior do Castelo que os condes fixaram residência e provavelmente aí teria nascido D. Afonso Henriques. Entre os séculos XIII e XV vários reis irão contribuir com obras de melhoramento e restauro do Castelo.²

Paço dos Duques de Bragança, erguido no século XV.

Padrão do Salado, no centro histórico de Guimarães, centro este que foi classificado Património Mundial pela Unesco em 2001.
A construção do Padrão remonta a 1340, ano da Batalha do Salado, em que tomou parte D. Afonso IV, conjuntamente com exércitos de Castela e de Aragão, contra tropas muçulmanas do reino de Granada e do Norte de África.³
À esquerda está a Igreja e Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira.

Paços Municipais

Não me recordo quem é o autor desta escultura. Não encontro informação na internet. Se alguém souber, que me envie um email, que eu atualizarei esta crónica de acordo!

Igreja de São Gualter, erguida nos séculos XVIII e XIX.

Novamente o Padrão do Salado e a Igreja e Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira.

Escultura de Dom Afonso Henriques por João Cutileiro.

E continuando nas artes, daqui a uns anos, em 2012, será inaugurado o Centro Internacional das Artes José de Guimarães – artista plástico nascido aqui em Guimarães em 1938, e cujo verdadeiro nome é José Maria Marques.


¹ “Igreja de São Miguel do Castelo” (s.d.) Guimarães Turismo. Página consultada a 3 junho 2020,
<https://www.guimaraesturismo.com/pages/153?geo_article_id=57>

² “Castelo de Guimarães” (s.d.) Guimarães Turismo. Página consultada a 3 junho 2020,
<https://www.guimaraesturismo.com/pages/153/?geo_article_id=56>

³ “Padrão Comemorativo da Batalha do Salado” (s..d.) Direção-Geral do Património Cultural. Página consultada a 3 junho 2020,
<http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70510>

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