13 – Igreja dos Congregados, Igreja de São Nicolau, Igreja dos Grilos

Outro episódio engraçado foi o do elétrico. Apanhei-o na Cordoaria, com destino a Massarelos. O percurso são cerca de 12 minutos. O bilhete: um euro e trinta e cinco. (Caro… mas depois permite recarregá-lo, onde existem as máquinas próprias, acho que só no metro?? a 0,85 cêntimos). A Rute senta-se, abre a janela, pede ao outro passageiro – e único – para lhe tirar uma foto. O senhor, muito simpático (como sempre, não posso queixar-me dos portuenses) tira o casaco e tudo, põe-se a postos e tira uma bela foto. Isto foram dois minutos ou nem isso. Porque o elétrico ficou preso em frente ao Hospital de Santo António devido a um carro mal estacionado. Bom. Chamar a polícia, chamar o reboque, é tudo muito demorado e eu não tenho tempo a perder. Não posso ficar aqui nem que seja 20 ou 30 minutos à espera que isto se resolva. Os museus fecham às 17h. Saí e fui-me embora. Fui visitar a ex-Cadeia da Relação e a exposição de fotografia, ali mesmo ao lado. Não estava previsto, mas foi.
Terminada a visita, mais de uma hora depois, voltei à paragem do elétrico.
E de facto o que tem de ser tem muita força.
A questão era: outro euro e trinta cinco? Nem por sombras. Recuso-me a pagar outra vez.
A rapariga que conduzia o elétrico olhou-me, espantada. Mas que turista é esta, de máquina fotográfica a tiracolo, que agora não quer tirar o bilhete?… Ah pois não tiro (ela estava de telemóvel na mão), “Ligue à sua colega e confirme com ela – em como eu saí do elétrico e não fiz a viagem por ter ficado preso. Pode confirmar com ela. Não vou pagar outra vez um euro e trinta e cinco!”.
“Eu não a posso deixar ir, então”.
Impasse.
Breve silêncio em que eu medi a situação.
E medi-a a ela. Aquela rapariga franzina (bonita), e eu, a pilhas Duracell. Não é esta moça que vai impedir-me de ir no elétrico. Só se chamar alguém para a ajudar a tirar-me lá de dentro.
Ela deve ter pensado o mesmo, nestes breves segundos. Que não ia conseguir tirar-me lá de dentro. Mudou o discurso. “Se vier a fiscalização é multada, e a multa é bastante pesada”.
“Que venha a fiscalização”, respondi-lhe. “Vamos todos para a esquadra da polícia. Não tenho culpa (e está bem, vocês também não) que o elétrico tenha ficado preso por um carro mal estacionado. Eu não pago outro bilhete”. “Mas o elétrico tem estado a andar – argumentou – A situação resolveu-se, portanto”. “Pois, mas eu não podia ficar aqui à espera, os museus fecham às 5 da tarde, não tenho tempo a perder.”
Este argumento fê-la resignar-se. Deve ter percebido que um turista (ou neste caso uma turista) não tem tempo a perder com estas maçadas de estacionamentos ilegais.

E o elétrico arrancou, curiosamente comigo no mesmo lugar e com a janela ainda aberta. Escusado será dizer que não veio fiscalização nenhuma. E que viesse. Não são maneiras de receber uma turista de Lisboa, carago! Larguei lá uma pipa de massa em monumentos, museus, restaurantes, espetáculos de música e teatro, mas este euro e trinta e cinco era uma questão de princípio. Claro que me ri, depois disto tudo. Acho que fui a rir-me durante o percurso, se bem que discretamente para não ofender a rapariga guarda-freio (coitada, o que lhe havia de calhar pela frente…).

<< >>