01 – Espetáculo na Casa da Música, Estação de São Bento, Torre dos Clérigos

A chegar de autocarro. Esta foto foi tirada sentada dentro do autocarro.

Comecemos já pelo espetáculo de cinco horas no parque de estacionamento subterrâneo da Casa da Música. Um dos cantores presentes – Sergent Garcia – exclamou ao público,  “Fazemos música underground, então mandam-nos para o parque subterrâneo!” Rimo-nos todos. É verdade…

Foi mesmo uma festa doida, com três grupos – os três pela primeira vez em Portugal: Coup de Bam (groove, pop, nu jazz, eletrónica e músicas do mundo), Sergent Garcia (muito ritmo com pitadas de rock, ritmos latinos e reggae) e o extraordinário DJ Shantel, com a sua Bucovina Orchestra. Música dos Balcãs que levou o público ao rubro até quase às 4 da manhã.

O Shantel ganhou o último BBC World Music Awards 2006 na categoria “Club Global”. E é a prova evidente de que os homens não se medem aos palmos. Fraca figura, magrito, pequeno, desgrenhado. E que música poderosíssima. Estive durante todo o festival na primeira fila (em pé, junto às grades) e fui uma das servidas – pela sua própria mão – de nada mais, nada menos, do que três vodkas. E eu sem gostar de vodka… Mas era impossível recusar – ter o Shantel, o World Music Award, a servir-me três copos de vodka, e eu armar-me em esquisita e dizer “blhac, não gosto”… Aceitei todos, claro, bebi o primeiro gole – molhei os lábios só para não fazer a desfeita, contive as caretas (vodka, que bom, mmm…) e passei os três copos para os de trás, que não se fizeram rogados e ainda me agradeceram.

Aconselho vivamente dois discos seus, acho que são os últimos e já os tenho: “Bucovina Club” e “Bucovina Club Vol. II” – este último mais festivo, mais para dançar. E vão ver que animação contagiante é aquilo.

Grande espetáculo, este, na Casa da Música.

Quanto ao Porto.

Este passeio durou seis dias, em Junho de 2007, entre uma 2ª feira e sábado. Fui sozinha com uma missão bem clara: desbravar de alto a baixo o Porto.

E não sei porque é que ninguém diz isto, e a quem tenho dito não corrobora, pelo menos claramente, a minha afirmação: Porto e Lisboa são muito parecidos. Senti-me em casa. O rio, os telhados vermelhos, as casas antigas, os edifícios históricos. As ruas estreitas aos ziguezagues na zona da Sé.

Enfim, a três horas de distância uma da outra não haveria de encontrar com certeza realidades muito diferentes – uma cidade exótica asiática ou africana.

Corri-o desde o estádio do Dragão ao Castelo do Queijo. Foram 12 a 14h por dia, a andar. Isto não falando no dia em que houve o festival na Casa da Música… nesse dia acordei às 8 da manhã, foram buscar-me ao hotel para uma excursão a Guimarães e Braga, e cheguei novamente ao hotel às 4 da manhã, depois do concerto… Mais um pouco e eram 24h seguidas.

Habituei-me a que abrissem as portas e acendessem as luzes para receber-me. Nos museus, nas fundações.

A Torre dos Clérigos, o Museu Soares dos Reis, a Igreja de S. Francisco, o Palácio da Bolsa, o Museu de Serralves, a Casa do Infante, jardins como o Parque da Cidade e também os magníficos jardins de Serralves, a Fundação Eng. António de Almeida, o Museu Marta Ortigão Sampaio, a Casa Tait, o Museu Guerra Junqueiro, o Museu dos Transportes e Comunicações, o Museu Romântico, o Museu do Vinho do Porto, etc, etc, etc.

Nada ficou esquecido.

Estação de comboios de São Bento, inaugurada oficialmente em 1916, mas já tinha entrado em serviço antes disso, em 1896. A estação foi desenhada pelo arquiteto portuense José Marques da Silva.

Interior da Estação de São Bento. Os azulejos – vinte mil azulejos – ilustram a evolução dos transportes em Portugal, bem como cenas da história e vida portuguesas¹. Estão retratados, entre outros, Egas Moniz com os filhos e a sua apresentação ao Rei de Leão e Castela, a entrada de D. João I e de D. Filipa de Lencastre no Porto, a Conquista de Ceuta em 1415, a vida tradicional campestre, etc. Foram produzidos na Fábrica de Sacavém e instalados entre 1905 e 1906 pelo artista Jorge Colaço, que nessa altura se afirmava como o mais popular azulejador em Portugal.²

Um bitoque, que já é hora de almoço.

Torre dos Clérigos

A Irmandade dos Clérigos, com origem em 1642, tinha como missão ajudar os clérigos na doença, na pobreza e na morte.
O projeto da Igreja dos Clérigos, de autoria do arquiteto italiano Nicolau Nasoni, foi aprovado pela Irmandade dos Clérigos em dezembro de 1731. As obras arrancaram em abril de 1732.
Em 1748 a Irmandade mudou-se definitivamente para a sua sede: a Igreja dos Clérigos.³ A primeira missa foi celebrada neste ano de 1748, com o templo ainda por terminar.

Foi só em 1749, com uma interrupção de nove anos pelo meio⁴, que a edificação da igreja foi dada como concluída, apesar do seu apetrechamento, e mais tarde, a ampliação da capela ter prolongado por mais uns anos as obras na igreja.

Posteriormente, no ano de 1753, a pedido da Irmandade dos Clérigos, o arquiteto Nicolau Nasoni apresentou o projeto para uma torre sineira, e em 1754 arrancaram as obras daquela que viria a ser a mais bela e altaneira Torre, dominando toda a paisagem urbana do Porto. Em julho de 1763 deu-se por finalizada a sua construção.
A Torre tem mais de 75 metros de altura, e 225 degraus para chegar ao topo.⁵

Interior da Igreja dos Clérigos.


¹ “Estação de São Bento” (s.d.). Visit Porto. Página consultada a 24 fevereiro 2019,
<http://www.visitporto.travel/visitar/paginas/viagem/DetalhesPOI.aspx?POI=1805>

² “Estação Ferroviária de Porto – São Bento” (s.d.) Wikipedia. Página consultada a 24 fevereiro 2019,
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Esta%C3%A7%C3%A3o_Ferrovi%C3%A1ria_de_Porto_%E2%80%94_S%C3%A3o_Bento>

³ “História da Irmandade” (s.d.). Torre dos Clérigos. Página consultada a 24 fevereiro 2019,
<http://www.torredosclerigos.pt/pt/irmandade-dos-clerigos/historia-da-irmandade/>

⁴ “Igreja e Torre dos Clérigos” (s.d.) Wikipedia. Página consultada a 24 fevereiro 2019,
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_e_Torre_dos_Cl%C3%A9rigos>

⁵ “Torre, Museu, Igreja” (s.d.). Torre dos Clérigos. Página consultada a 24 fevereiro 2019,
<http://www.torredosclerigos.pt/pt/historia-e-arquitetura/torre-museu-da-irmandade-igreja/>

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