62 – Saída retumbante do Chile

Tal como entrámos – de barriga cheia – assim saímos. Se ainda hoje sonho com o cordeiro patagónico, os crepes chilenos de santola não lhe ficaram atrás.
Estamos na cidade de Punta Arenas, mais precisamente no restaurante “La Luna”. Chegámos ao final do dia, depois de umas tantas centenas de quilómetros. Não passeei em Punta Arenas a pé. Fui vendo a cidade, que possui cem mil habitantes, de dentro do minibus. No dia seguinte tínhamos de acordar às 4 e meia da manhã para atravessar o Estreito de Magalhães no primeiro barco. (O que não impediu esta malta – eu inclusive, claro – de deitar-se a más horas…).
Se passarem lá, é obrigatório ir a este restaurante. A conta foi grande: oitenta mil pesos, e apenas estávamos parte do grupo presente. Mas isto é só aparência, lembrem-se que o peso chileno não valia nada…

Deixámos alfinetes “portugueses” nos mapas.

No meio daquelas latas de cerveja existiam duas ou três portuguesas!

Jornal de 4 de Novembro de 1970, página afixada no restaurante.
Salvador Allende tinha concorrido à Presidência da República em 1952, 58 e 64. Nas eleições presidenciais de 1970 concorre como candidato da coligação de esquerda Unidade Popular (UP). Embora sem maioria absoluta, conquista finalmente o primeiro lugar com 36,2% dos votos.
Allende assume a presidência e tenta socializar a economia chilena, com base num projeto de reforma agrária e nacionalização das indústrias.
Em 1973, com o apoio dos Estados Unidos, as Forças Armadas chefiadas pelo general Augusto Pinochet, dão um sangrento golpe de Estado que derruba o governo da UP. Allende morreu quando as forças armadas rebeladas atacaram o Palácio de La Moneda. Existem duas versões sobre a morte de Allende: uma é que ele se suicida, cercado por tropas do Exército, com a arma que lhe foi dada por Fidel Castro; a outra versão é que ele foi assassinado pelas tropas invasoras. A sua sobrinha Isabel Allende é uma das que acredita que o seu tio foi assassinado. Teve um funeral com honras militares em 1990.

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