44 – Caminhar no Glaciar Viedma

À medida em que a neve se vai depositando, as capas inferiores são submetidas a pressões cada vez mais intensas. O gelo comporta-se como um sólido quebradiço até a pressão que tem em cima alcançar os 50 metros de espessura de gelo. Uma vez ultrapassado este limite, o gelo passa a comportar-se como um material plástico e começa  a mover-se lentamente sob a força da gravidade.

As velocidades do movimento são variáveis. Alguns apresentam velocidades tão lentas que podem desenvolver-se árvores em alguns locais. Noutros casos podem deslocar-se vários metros por dia. Tal é o caso do glaciar Byrd, na Antártida, que de acordo com estudos efetuados por satélite, se desloca 750 a 800 metros por ano (cerca de 2 metros por dia).

Nós estávamos divididos em grupos. O rapaz que acompanhava o meu achou por bem meter-se dentro deste buraco. Olhámos, temerários. Ele entrou por aqui e saiu pelo buraco que está em cima. Mas todos nós o seguimos. Eu fui a primeira, um pouco a medo, ainda a habituar-me aos grampos nos pés e com receio de não me agarrar bem às paredes de gelo.

Flávio, Walter e eu. Aquela posição do Walter é a correcta para se descer, no gelo. Como se estivéssemos sentados. Reparem que os pés têm de assentar no chão – na totalidade – para os grampos se agarrarem bem. Não podemos andar em bicos de pés sob pena de resvalarmos.

O escuro que vêm no gelo é terra, pois a massa de gelo andante arrasta tudo atrás, como veremos mais detalhadamente no próximo capítulo.

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