32 – Times Square at Night
Esta crónica também podia chamar-se “SoHo at Night”, pois antes de rumarmos para a Times Square, andámos a passear pelo famoso SoHo. E saímos de lá desiludidos. O SoHo – forma abreviada de South of Houston – é a área situada ao sul da West Houston Street. Depois de anos abandonado como distrito industrial, ganhou vida e muito charme, dizem. Lá moram os artistas e ali existem galerias de arte. O SoHo é a meca da moda de vanguarda, com lojas badaladas e ótimos restaurantes.
Tínhamos lá passado no segundo dia, no Hop-on Hop-Off, e quisemos voltar a pé.
Talvez fosse por ser segunda-feira à noite. Estava tudo deserto e apenas vimos um ou dois restaurantes abertos. Voltámos a apanhar o metro e regressámos ao louco bulício da Times Square, com tudo aberto e a funcionar, felizmente ao lado do nosso hotel; e por aí jantámos, desta vez no Hard Rock.
Interior do Hard Rock da Times Square, cuja decoração apela à união da humanidade quer em termos religiosos, quer em termos raciais. “All is one”, ou seja, “Todos são um”. Mostra a estrela do judaísmo; um ícone da igreja católica; a estátua do Buda; outro ícone à direita da estrela que desconfio que seja da igreja ortodoxa; e ainda um “Kruger Rand”, a moeda de ouro feita na África do Sul e proibida em alguns países ocidentais durante os anos 1970 e 1980 pela sua associação ao regime do apartheid então existente. Parece-me que as pessoas comem os seus bifes e hambúrgueres sem sequer darem muita atenção a esta decoração, tão representativa dos tempos atuais. Se não estou enganada e se a memória não me falha, não me recordo de ter visto no meio daquela simbologia alguma referência à religião islâmica. É uma união da humanidade parcial, portanto… Têm sido feitas uma série de campanhas com o intuito de evitar a islamofobia nos EUA, mas calculo que a coisa não seja fácil, dado que esta religião é automaticamente associada a extremismo e ao maior ataque terrorista de sempre, precisamente sobre os amigos e familiares de quem aqui almoça e janta diariamente.
Na primeira noite em Nova Iorque, no dia em que aterrámos às cinco da tarde, jantámos neste “Dallas Barbeque”. Ainda não conhecíamos nada, tínhamos fome e entrámos. Cada um de nós comeu um hambúrguer gigante, com uma dose de batatas fritas gigante também. Aliás, é a primeira foto da crónica 10. E das mais de duzentas pessoas que lá estavam dentro, apenas umas dez eram brancas. Ficámos espantados. Não há brancos em Nova Iorque? Frequentam restaurantes diferentes? (Sim, descobrimos mais tarde. Há diferenciação nos restaurantes, é algo incrível).
Uma nota ainda sobre as batatas fritas: são fritas em palitos, como as nossas, mas aqui não lhes tiram a casca. Em vários restaurantes comemos batatas fritas com casca.