15 – Intrepid
O Intrepid é o museu da marinha e da força aérea, e à semelhança do de Sydney e de Londres, visita-se o interior dum navio de guerra e dum submarino; existem cerca de trinta caças e helicópteros expostos, e – novidade relativamente às outras duas cidades – visita-se o interior dum avião Concorde, pertencente à British Airways. Foi preciso ir a Nova Iorque para entrar num avião inglês…
Este museu é uma das grandes atrações turísticas em Nova Iorque, atrai crianças e adultos, e juntando os espetáculos de realidade virtual que existem no seu interior (experimentei aqui a melhor montanha russa onde alguma vez andei – virtual, a 4D, e ainda andámos num simulador de voo que me deixou completamente maldisposta, de cabeça para baixo) juntando tudo isto, neste museu mais vale ir preparado para passar pelo menos três horas. Como visitámos o Concorde, que tem visitas marcadas e pagas à parte, acabámos por passar lá quatro horas.
Os dois simuladores de voo. (O da direita está de cabeça para baixo, com pessoas lá dentro).
As pessoas estão lá dentro de cabeça para baixo, e as duas televisões mostram-nas. Quando foi a nossa vez, cada um de nós pilotou um pouco, à vez, e eu aproveitei para fazer todas as mais loucas manobras.
E o Concorde foi o melhor de tudo, foi espetacular, posso dizê-lo, com uma excelente apresentação daquele guia que se vê na foto abaixo. Estivemos uma hora a ouvir histórias e detalhes sobre este avião que fez o percurso de Nova Iorque a Londres em 2h 52 min e 59 segundos, sob a mão do capitão Leslie Scott (o guia mostra-nos a foto deste capitão no tablet) batendo assim um record até hoje nunca mais ultrapassado pela aviação civil. Contou-nos o guia que durante o voo o avião alargava, abrindo espaços que permitiam meter um boné nas fissuras, e que quando voltava ao normal, esses espaços voltavam a fechar-se, pelo que os bonés ficavam presos, sem se conseguir arrancá-los.
O Concorde começou a operar em 1969, e foi construído em conjunto pela França e pela Inglaterra. Contou-nos ainda que para compensar o investimento era necessário vender 140 aviões. De início conseguiram reunir mais de 60 pedidos, de várias companhias aéreas, porém nem esses conseguiram vender. A crise do petróleo nos anos 1970 deitou abaixo todos os planos, dado que o Concorde consome muito mais combustível do que um avião normal. Diz-se que as pessoas acertavam o relógio pelo Concorde, pois era o único avião que partia pontualmente: era-lhe dada prioridade nas filas de espera, porque só o facto de andar no aeroporto fazia com que consumisse uma boa parte do seu combustível. Além do próprio serviço de qualidade inerente a um voo deste género: cada bilhete do Concorde custava 5.000€, e eram sobretudo empresas e estrelas do cinema quem o usava. Eram oferecidos inclusivamente os bilhetes a estas últimas como forma de fazer publicidade.
Os vinte Concordes existentes foram operados pela Air France e pela British Airways até 2003, ano em que foram encerrados os voos. Tinham surgido também problemas ambientais, pois o ruído do Concorde é absolutamente infernal. No ano em que passou em Portugal eu fui vê-lo, e de facto mal o vi, tão rápido que foi, mas o som ouvi-o bem.
Estes aviões voavam a uma velocidade de Mach 2,02 (cerca de 2.100 km/h, mais do dobro de um avião convencional), a cerca de 17.000 metros de altitude, pelo que através das minúsculas janelas se conseguia ver a curvatura do planeta Terra. Tinham de ser brancos para a temperatura da estrutura de alumínio não aquecer demasiado, e a única vez que teve outra cor foi numa campanha promocional da Pepsi, na qual um Concorde foi pintado de azul e vermelho. Houve duas restrições: as asas tiveram de manter-se brancas pois aí era guardado o combustível e o sobreaquecimento tornar-se-ia demasiado perigoso, e o avião não podia voar à velocidade de Mach 2 durante mais de vinte minutos.
Para levantar voo, bem como para aterrar, o nariz do Concorde baixava de forma a não retirar a visibilidade aos pilotos. A inclinação aerodinâmica do avião deixava-o apontado para cima, enquanto aterrava, num equilíbrio perfeito, sem que a cauda batesse no chão.
Pode ver-se o Concorde azul neste website:
“Pepsi Concorde – F-BTSD 1996”. http://www.concordesst.com/history/events/pepsi.html
Este avião fez o percurso de Nova Iorque a Londres em 2h 52 min e 59 segundos, sob a mão do capitão Leslie Scott, batendo assim um recorde até hoje nunca mais ultrapassado pela aviação civil.
Para terminar esta crónica sobre o museu Intrepid, fica a nota de que existe uma novidade: a vertente do espaço. Deixou de ser apenas o museu da marinha e da força aérea: desde 17 de Setembro de 2012 está exposta ao público a nave espacial “Enterprise”, se bem que, pelo que se percebe no website do museu, não seja permitido o acesso ao interior. Passou a chamar-se “Intrepid – Museu Naval, Aéreo e Espacial”.