02 – A Viagem

Correu muito bem, vá lá. Nem voos atrasados, nem perca de bagagens. Estava previsto chegarmos às cinco da tarde ao aeroporto JFK, e assim foi. Fomos na British Airways até Londres (três horas), e daqui até Nova Iorque na Virgin Atlantic (sete horas e meia). Com o tempo de ligação – três horas, mais os tempos de espera no aeroporto, foram ao todo catorze horas. Nada mau. Depois da viagem até à Austrália, na outra ponta do mundo, tudo parece fácil.
[Nota: apenas começaram a haver voos diretos entre Lisboa e Nova Iorque a partir de 2016. Esta viagem decorre em 2012].
Chegados ao JFK a verdade é que não fazíamos ideia de como ir até ao centro da cidade. Achei tão vulgar, a verdade seja dita, ir do aeroporto JFK para o centro de Nova Iorque, que nem me macei a investigar previamente. Com certeza que alguém há-de dizer-nos. É bom ir assim, sem preocupações, esta viagem é fácil. Sabia que havia metro e comboios, isso sabia. Quais e onde, é que não fazia ideia. O meu namorado muito menos – desde cedo me elegeu a guia oficial e depositou essas canseiras nas minhas mãos.

Foto tirada por pura curiosidade, enquanto esperávamos pelo nosso voo da Virgin Atlantic. Assistíamos através dos vidros do aeroporto ao Lamborghini a ser descarregado.

Olhei à volta e considerei que exagerei na despreocupação, confesso. Bom, agora há que perguntar a alguém.
E de facto foi rápido e simples. À saída do aeroporto estava uma mulher fardada, forte e de cor negra, em pé no meio do passeio, com uma placa ao peito a dizer “Customer Services”. Então diga-nos lá para onde vamos, se faz favor. (Gosto mesmo disto, de não saber para onde vou). Depois de lhe dizermos que queríamos ficar na Penn Station, ela pensou um pouco (ainda teve de pensar?) e enquanto nos dava as instruções deu um grito. Viu o meu relógio. Já estou habituada, este relógio acompanha-me para todo o mundo e faz sucesso em todos os continentes – o norte-americano inclusive, está visto. Abri o relógio, fechei o relógio, ela deliciada e disse “Somos mesmo raparigas!…” – enquanto o meu namorado pacientemente nos observava, divertido. (Estas agora ficam aqui a falar do relógio e não se despacham…)
Ela disse então que era hora de ponta e que não era aconselhável irmos de metro com as bagagens. Disse-nos para apanhar o “Air Train” até à Jamaica Station, e daqui apanhar o “LIRR”. (Apanhar o quê?, perguntei-lhe, e ela repetiu… É mesmo giro estar numa cidade grande e não saber patavina. O LIRR é um comboio).
Informou-nos ainda dos preços de tudo, sem sequer perguntarmos, e lá fomos. Temos aqui um bom Customer Service.
O “Air Train” é uma espécie de metro aéreo não pilotado que viaja entre os vários terminais do aeroporto até à estação de metro e de comboios chamada “Jamaica Station”. O bilhete custa cinco dólares e apenas se paga à saída. Bem que procurámos onde tirar o bilhete, antes de entrar, mas não havia máquinas nem ninguém para informar-nos. Bom, entremos, quero ir-me embora, de certeza que eles vão arranjar maneira de cobrar-nos. E assim foi.
E depois o LIRR, no qual tirámos o bilhete na máquina automática – uma senhora apressada atrás de nós ajudou-nos. Nós a clicar nos botões todos, sabemos lá onde está a Penn Station nesta máquina.

E foi rapidíssimo. Em vinte ou trinta minutos estávamos no hotel.
Tudo correu bem nesta viagem, maravilhoso.

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