205 – Epílogo
O que mais estranhei, de imediato, foi lavar os dentes com água da torneira. Há um mês que não sei o que é isso. Já não é preciso ter a garrafa de água ao lado, com um copo. Agora bebo diretamente da torneira, que esquisito. E que prático.
Também estranhei o facto de já ninguém me dizer adeus, quando vou na rua. Então ninguém me diz “hello” ou “tata, tata”?… Habituei-me a ouvir a crianças a gritarem “tata” (adeus, adeus) e a acenarem-me. Agora ninguém me cumprimenta, que tristeza. Voltei ao anonimato das ruas de Lisboa, onde tudo me pareceu cinzento e feio. Bizarro, porque Lisboa é uma das cidades mais bonitas da Europa, bem luminosa e pitoresca, e a qual aprecio bastante. Mas estava nublado e ninguém me dizia adeus ao passar.
Na 2ª feira fui trabalhar ainda a sentir as montanhas de Munnar debaixo dos pés, e na pele o calor ardente e exótico do Rajastão.
Questionaram-me, a certa altura, sobre se nesta viagem tinha tido alguma situação difícil, em que tivesse visto a minha vida a andar para trás. Não – respondi – foi uma bonita e doce viagem. Talvez na noite em que adoeci, em Agra, ou quando a sanguessuga resolveu provar o iogurte de cardamomo… De resto,
Foi uma bonita e doce viagem, esta.