204 – Chegada a Lisboa

Tenham paciência que esta ainda não é a última crónica. Há um epílogo, como é hábito.

Cheguei ao meio dia (hora da Índia) depois de uma noite passada no avião. Ou seja, eram sete da manhã em Londres. Quando aterrei, depois de uma noite mal dormida, ainda a espreitar pela janela do avião, vi um funcionário do aeroporto – de turbante, a tratar dos carros das bagagens. Terei aterrado no aeroporto certo?… Ainda estou na Índia?…
Fazem agora 16 graus. Sente-se o vento fresco de uma manhã límpida de sol, enquanto espero pelo autocarro à porta do terminal. Já se foi o calor húmido da Índia. E aqui no aeroporto de Londres passei a ser uma das pessoas mais escuras. Vinha bronzeada, e se na Índia continuava a ser branquíssima, aqui tive perfeita consciência de como vinha morena.

O voo de Londres para Portugal foi feito portanto durante o dia. Tive a sorte de ir à janela e fui fotografando os vários países. Aqui estou a deixar a Inglaterra. Vêem-se os riscos claros a cortarem a paisagem; por vezes desapareciam subitamente para reaparecerem mais à frente. São túneis nas montanhas. Acompanhei também os ziguezagues dos rios, alguns detendo-se abruptamente em barragens.
E os telhados vermelhos, pequeninos. Há muito tempo que não via telhados vermelhos.

Entrada em França.

Aqui, se bem me recordo, já é Espanha. O comandante foi dizendo nos altifalantes por onde iamos a passar, era interessante. E eu não me canso de tirar fotos do ar…

A ponte de Vila Franca de Xira. Por esta altura sentia fome, mas enjoava toda e qualquer comida que me quisessem dar no avião.

E aqui estou eu a chegar, eis a ponte Vasco da Gama. Aterrei às 13.30h de Lisboa (Sábado) ou seja, eram seis da tarde na Índia. Foram assim 24 horas em aviões e aeroportos, dado que entrei no aeroporto de Cochim a essa hora. Tenho a tarde de hoje e o dia de domingo para arrumar tudo e pôr a roupa a lavar, e na segunda-feira já é dia de trabalho.

Lá está o que eu digo, é uma surpresa permanente ver o meu ar nas fotos, nos aeroportos. Dormi mal a noite dentro do avião, tinha fome, enjoava a comida, estava com tonturas e com os horários todos trocados. Mas apresento um ar como se estivesse a chegar de um dia de praia na Costa da Caparica, e não de 24 horas fechada em aviões e aeroportos.

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