198 – Pernoita no Barco-Casa
O comandante Sanal.
Mais outro banquete ao jantar. Ando portanto a deliciar-me com um dos pontos focados no Mahabharata: o Kama, e dentro deste o prazer do paladar. Estes indianos fazem bem as honras da casa. Mas desta vez não anotei os nomes das comidas. Comi a custo os três camarões tigre, e o resto ficou quase tudo. Como se eu – um pingente – conseguisse comer tanta coisa num só dia.
E depois vem o pequeno-almoço, bem saudável e ao meu gosto (perguntaram-me na véspera o que desejava), com fruta, sumo natural de melancia, cereais (uma delícia, estes cereais, nunca tinha provado – é uma especialidade indiana) e torradas.
No meio deste festim, só a noite foi para esquecer. Preferi mil vezes as primeiras noites de insónia, quando cheguei à Índia e estava a adaptar-me à diferença horária. Pior do que esta noite, na Índia, só mesmo aquela em que adoeci, no dia do Taj Mahal. É que se acabou o anti-mosquitos. E acabou-se durante o dia, já eu estava a bordo. Foi um erro da minha parte – deveria ter pedido ao comandante que enveredasse por algum canal, que seguisse alguma seta até onde houvesse uma farmácia, ou o que quer que fosse que vendesse anti-mosquitos. Ora estar num lago, à noite, em águas paradas, foi o fim da picada. E eu tinha uma cama com rede, a qual foi montada às escuras, por um dos membros da tripulação, de forma a não atrair mosquitos nem deixá-los ficar do lado de dentro. Não sei como, mas entraram. Basta eu entrar e sair, e eles vêm agarrados a mim, só pode. Em desespero de causa vesti-me de calças e camisa de manga comprida, mas eu já sentia picadas por todo o lado. Uma noite para esquecer.
De madrugada, acho que pouco passava das 5, começa o cantorio dos altifalantes, com os cânticos religiosos muçulmanos. É muito aborrecido, acreditem. Ainda se fosse uma música suave com um som de boa qualidade, agora aqueles altifalantes fanhosos… é uma falta de qualidade de vida. Que me perdoem os religiosos muçulmanos, devo estar já excomungada e ainda algum fanático me lança uma granada. Estes desgraçados fartam-se de trabalhar de sol a sol, ganham uma miséria, e nem descansados conseguem dormir a partir das 5 da manhã. Se alguém tiver uma dor de cabeça e precisar de silêncio, bem que pode dar a alma aos anjinhos (ou aos devas, neste caso). Eu felizmente estou descansada, bem alimentada, em férias e divertida (apesar da noite mal passada a partilhar o banquete da véspera com os mosquitos) pelo que suportei relativamente bem os altifalantes fanhosos.
E depois vem o pequeno-almoço, bem saudável e ao meu gosto (perguntaram-me na véspera o que desejava), com fruta, sumo natural de melancia, cereais (uma delícia, estes cereais, nunca tinha provado – é uma especialidade indiana) e torradas.
No meio deste festim, só a noite foi para esquecer. Preferi mil vezes as primeiras noites de insónia, quando cheguei à Índia e estava a adaptar-me à diferença horária. Pior do que esta noite, na Índia, só mesmo aquela em que adoeci, no dia do Taj Mahal. É que se acabou o anti-mosquitos. E acabou-se durante o dia, já eu estava a bordo. Foi um erro da minha parte – deveria ter pedido ao comandante que enveredasse por algum canal, que seguisse alguma seta até onde houvesse uma farmácia, ou o que quer que fosse que vendesse anti-mosquitos. Ora estar num lago, à noite, em águas paradas, foi o fim da picada. E eu tinha uma cama com rede, a qual foi montada às escuras, por um dos membros da tripulação, de forma a não atrair mosquitos nem deixá-los ficar do lado de dentro. Não sei como, mas entraram. Basta eu entrar e sair, e eles vêm agarrados a mim, só pode. Em desespero de causa vesti-me de calças e camisa de manga comprida, mas eu já sentia picadas por todo o lado. Uma noite para esquecer.
De madrugada, acho que pouco passava das 5, começa o cantorio dos altifalantes, com os cânticos religiosos muçulmanos. É muito aborrecido, acreditem. Ainda se fosse uma música suave com um som de boa qualidade, agora aqueles altifalantes fanhosos… é uma falta de qualidade de vida. Que me perdoem os religiosos muçulmanos, devo estar já excomungada e ainda algum fanático me lança uma granada. Estes desgraçados fartam-se de trabalhar de sol a sol, ganham uma miséria, e nem descansados conseguem dormir a partir das 5 da manhã. Se alguém tiver uma dor de cabeça e precisar de silêncio, bem que pode dar a alma aos anjinhos (ou aos devas, neste caso). Eu felizmente estou descansada, bem alimentada, em férias e divertida (apesar da noite mal passada a partilhar o banquete da véspera com os mosquitos) pelo que suportei relativamente bem os altifalantes fanhosos.