189 – O que Vale é que Também há Ocidental
Claro, acham que um hotel do calibre do Spice Village, com comida deliciosa e habituado a receber estrangeiros, iria deixar-nos a sopas? Agora vem a parte ocidental – mas sempre com um delicioso toque indiano. Aqueles maravilhosos doces caseiros, de frutos tropicais, com o queijo ali ao lado a chamar-nos para umas tostas; mais os ovos com especiarias indianas; mais os sumos naturais. Reparem no sumo de pepino. Não é muito vulgar, nem me lembro de alguma vez ter provado sumo de pepino. E, claro está, a minha perdição dos pequenos-almoços em Periyar: o cremoso iogurte de cardamomo. Também havia o de gengibre, ou o natural para os mais clássicos.
O que vale é que estou magra, posso abusar um pouco. Mas também digo: parece eu que comia mundos e fundos. Não fiquem com essa ideia. Fico cheia num instante. Tenho de comer uma garfada ou uma colherada de cada coisa, para conseguir provar tudo. O meu estômago não é igual ao do Ganesh, que estica e rebenta…
Mas voltemos aos deuses hindus. As raízes védicas do hinduísmo (ou seja, a forma primitiva da religião indiana, e cujas raízes reportam ao período A.C.) não são politeístas, ou seja, com muitas divindades, nem monoteístas (um único deus). São henoteístas, ou seja, existe um deus – Brahman – que se manifesta de variadas formas. Surgem os avatares, encarnações de espíritos considerados divinos, e descendentes de Bhraman. Estas entidades visam tornar o “etéreo” Brahman mais acessível ao homem.
O deus Brahman é percebido pelo ser humano em três aspetos: Brahma, o criador; Vishnu, o conservador; e Shiva, o destruidor. Esta é a trindade hindu.
Não confundir portanto o supremo deus Brahman com uma das suas manifestações: Brahma. Confuso, não é? Bem que podiam ter arranjado um nome diferente para não nos baralharem.
Por exemplo, o deus-macaco Hanuman (crónica 45) é um avatar do deus Vishnu. Krishna é o oitavo avatar de Vishnu. O filme “Avatar”, do realizador James Cameron (2009) utiliza este conceito: é a alma de um ser que dá vida ao corpo de outro.
Também existem os devas, que são espíritos ligados à natureza, não são bons nem maus. Por vezes, numa outra etapa, podem ser comparados aos anjos no cristianismo. O filho mais velho de Brahma, por exemplo, é um deva. Chama-se Agni, o deus do fogo, que representa o princípio criador, o desejo de criar.
Se nos metemos por este caminho, nunca mais daqui saímos.
O iogurte de cardamomo é o terceiro.