181 – As Maravilhosas Iguarias do Spice Village

Spice Village é o nome do hotel onde me encontro, e esta noite acabei na companhia de um grupo do Canadá. Ao meu lado direito estão duas enfermeiras, e à nossa frente está um casal em que ele é médico, e ela não me lembro, mais o filho. A rapariga que está na ponta da mesa chama-se Teresa, e se voltarem à crónica 147, a do passeio de barco após a massagem Ayurveda, vêem-na numa foto, no barco. Trocámos algumas palavras então – de onde vínhamos, para onde íamos, o que estávamos a fazer ali. Enfim, a conversa de circunstância normal. Ela também tinha feito uma massagem Ayurveda e rimo-nos com o facto de a pessoa ter de estar completamente nua. Foi uma surpresa, portanto, quando nos encontrámos vários dias depois, noutra terra e noutro hotel. Eles também tinham estado em Munnar, onde fizeram passeios de bicicleta. Também andam com as bicicletas atrás, na carrinha que os transporta. (Bom, eu agora já não ando, agora alugo ou uso as dos hotéis, como foi o caso em Cochim). Foi a Teresa, assim, que veio à minha mesa convidar-me para juntar-me ao seu grupo, ao jantar. Foi uma noite simpática e animada, com comida belíssima. Há quase um mês que não via bolos e doces como estes, tão “ocidentalizados”. Eu, que adoro bolos e doces, fiquei de olhos arregalados nas duas noites que aqui jantei. Era eu e as crianças, todos à volta das sobremesas. Mas o prato principal não ficou atrás, servido em regime de buffet. Muito boa, a comida, uma coisa espetacular – e era comida indiana. Aqui matei por completo a fome que tinha passado nos últimos dias do Rajastão e nos primeiros de Kerala, devido à crise gástrica. Comi e repeti. Já estou curada e ainda tenho muitas atividades pela frente – amanhã é o dia do trekking, desta vez não irei fraca, como no último. (Também não notei fraqueza nenhuma, mas enfim…)

Já ao pequeno-almoço, depois de uma noite ao som de grilos e pássaros noturnos, a dormir de janelas abertas, só com rede (enquanto eu jantava alguém foi preparar-me o quarto), servi-me de doce de ananás caseiro, delicioso (havia vários, numa próxima crónica irei detalhar um pequeno-almoço) e novidade: iogurtes, caseiros também, de cardamomo e gengibre. Espantosos – não só pelo sabor, mas pela textura igualmente. E eu que adoro iogurtes e ainda não tinha comido um decente desde que cheguei à Índia.
Neste hotel ficaria de bom grado uma semana, portanto. Ou um mês… Hoje, em Portugal, tenho saudades do iogurte de cardamomo. Ainda não inventaram um iogurte cremoso de cardamomo…

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