174 – Paragem numa Plantação de Especiarias

Antes de almoçar e chegar ao hotel visitei esta plantação. Tive um guia local a explicar-me tudo, e pelo que me contou fui a primeira portuguesa com quem trabalhou.
E fui picada imediatamente por mosquitos, mal entrei na plantação. Fiquei com borbulhas, cheia de comichão – isto logo nos primeiros minutos – pelo que nem hesitei: deixei o surpreendido guia à espera, a olhar, e voltei ao carro para buscar o spray repelente que tinha na mala grande, na bagageira (não estava nada à mão e só por aqui se vê que não esperava de todo usá-lo, ainda por cima tão urgentemente). Se em cinco minutos é isto, nem quero imaginar ao fim de uma hora. O guia ainda tentou tranquilizar-me dizendo que não era o mosquito da malária, e que ele estava bem, não tinha sido picado. É-me indiferente se é da malária ou não, estou toda mordida, espere aí um pouco, se faz favor… e pelos vistos os mosquitos preferem as portuguesas.

Agora já protegida, começo então a visita da plantação. Aqui vê-se o cardamomo, da família do gengibre. São plantas nativas das florestas húmidas do sul da Índia. Também são cultivadas na América Central. O cardamomo é usado como especiaria e também na medicina tradicional indiana, como tratamento para problemas digestivos e respiratórios. Mais à frente, nesta viagem, irei provar uns soberbos iogurtes de cardamomo.

Café árabe, o melhor café no sul da Índia, contou-me o guia. É preparado com especiarias como o cardamomo e o açafrão, e servido em pequenas xícaras sem alça. O café árabe não é coado, espera-se que a borra assente no fundo para se servir.

Árvore da borracha.

Caneleira, ou seja, a árvore da canela. Da casca do tronco obtém-se o pau de canela. Quando os portugueses a comercializavam, no século XVI, um quilograma de canela chegava a valer dez gramas de ouro. O monopólio do comércio da canela esteve nas mãos dos portugueses no século XVI, passou para os holandeses, com a Companhia das Índias Orientais, quando estes expulsaram em 1656 os portugueses do Ceilão (atual Sri Lanka, localizado ao largo da extremidade sul da Índia) e depois passou para as mãos dos ingleses, a partir de 1796, quando estes ocuparam essa ilha.
As margens estão repletas desta planta, relatou um capitão holandês, e é a melhor de todo o oriente: quando uma pessoa está no litoral, pode-se sentir o aroma a oito léguas de distância.¹

Pimenta. Consoante a colheita se faça com o grão mais maduro ou menos maduro, assim se obtém a pimenta verde, a pimenta branca e a pimenta preta. É uma planta trepadeira, ou seja, precisa do suporte de uma árvore.

Um pouco de história, a propósito destas especiarias: Após a descoberta do caminho marítimo para a Índia, em 1498, por Vasco da Gama, inicia-se a exploração comercial desta área. Recordemos que Vasco da Gama chegou à Índia precisamente na zona em que ando: o atual estado de Kerala. É criada a Casa da Índia, em Lisboa, para administrar os territórios portugueses além mar, assim como todos os aspetos do comércio externo, navegação, desembarque e venda de mercadorias. Entre 1506 e 1570, a Casa da Índia manteve o monopólio real sobre todas as importações e as vendas das principais especiarias – pimenta, cravinho e canela – seda e goma-laca, bem como sobre a exportação de ouro, prata, cobre e coral. Em 1510 a coroa portuguesa obtinha cerca de 1 milhão de cruzados anuais apenas do comércio de especiarias, que em 1518 representavam 39% da receita da Coroa.²


¹ Wikipédia (s.d.), “Canela”. Página consultada a 14 de Fevereiro de 2010, <http://pt.wikipedia.org/wiki/Canela>.

² Wikipédia (s.d.), “Casa da Índia”. Página consultada a 14 de Fevereiro de 2010, <http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_da_%C3%8Dndia>.

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