159 – Descida

Em 1915 Gandhi regressa à Índia. A sua posição pró-independência endureceu após o Massacre de Amritsar em 1920, no qual os soldados britânicos abriram fogo matando centenas de indianos que protestavam pacificamente contra medidas autoritárias do governo britânico e contra a prisão de líderes nacionalistas indianos.
Em 1920 Gandhi passa a ocupar uma posição cimeira no Congresso Nacional Indiano onde pôs em prática um programa de oposição pacífica à potência colonizadora: um programa que preconiza a luta não violenta, a desobediência civil e o boicote aos produtos britânicos. Graças a este programa, que teve uma adesão massiva no país, o independentismo assume enorme força. O boicote aos produtos britânicos era chamado de “swadeshi” e consistia em recusar a compra de todos os produtos importados, especialmente os produzidos em Inglaterra. Gandhi propôs que todos os indianos vestissem o khadi (vestimentas caseiras) para evitar a compra de produtos têxteis britânicos, por exemplo. Gandhi declarava que todas as mulheres indianas, ricas ou pobres, deveriam gastar parte do seu dia a fabricar o khadi em apoio ao movimento de independência. Esta era uma estratégia para incluir as mulheres no movimento.
Mais tarde o projeto nacional de Gandhi incluiria ainda objetivos educacionais e o desenvolvimento da produção artesanal, realizada por cada um, em auto-suficiência, no seu lar. O próprio Gandhi encarregava-se da produção das vestes que usava. Já a nível educacional, Gandhi era contra o sistema convencional de educação em escolas, preferindo acreditar que as crianças aprenderiam mais com os seus pais e com a sociedade.

Encarcerado em 1922, é libertado dois anos depois mercê da enorme pressão popular e internacional. Até 1940 Gandhi vai sendo confrontado com a política colonialista da Grã-Bretanha, é encarcerado várias vezes e realiza diversas greves de fome. Em momentos considerados cruciais para a economia britânica, Gandhi convocava o povo a “jornadas de jejum e meditação” – na prática ninguém trabalhava, mas Gandhi jamais falava ou mesmo pensava na palavra “greve”. A expressão apropriada dentro da tradição hindu para o que se estava a fazer era “jornada de jejum e meditação”. Gandhi tinha consciência de que era impossível aos hindus derrotarem o dominador britânico através de guerrilhas ou luta armada.

(Continua).

<< >>