152 – Passeio de Carro pelos Arredores de Munnar

Nas noites de domingo, tipicamente um dia livre, os trabalhadores BPO [“Business Process Outsourcing”, ou seja, outsourcing de processos de negócio] inundam a meia-dúzia de centros comerciais de Gurgaon e vagueiam pelas lojas, algumas vezes acenando uns aos outros das escadas rolantes. Sentam-se em cafés como o Cafe Coffee Day e o Barista, amontoando-se à volta das mesas, ou nos sofás de pele. Uma recente edição da newsletter do Café Coffee Day, “Cafe Beat”, forneceu forragem para as suas conversas: filmes, namoros, engenhocas e jogos. O tema do mês passado tinha sido “relacionamentos ao vivo”.
Enquanto os seus pais talvez tenham namorado ou consumido álcool, os jovens indianos dizem que agora podem fazê-lo abertamente. Em alguns casos também ganham mais do que os pais, permitindo compras – jeans, colónias, entradas em clubes noturnos – que seriam considerados caros, mesmo para padrões americanos.
“Eu estou bastante consciente das marcas,” afirma Varun Dhamija, 26, um gerente da Convergys. Tal como muitos jovens indianos, ele ainda vive em casa dos pais, em Nova Delhi. Esta noite ele usa uma camisa Levi´s, meias Levi’s e um relógio Giordano de 100 dólares. Até à data, a sua compra favorita foi o seu primeiro carro, um Maruti Suzuki com porta traseira. “Quando liguei a ignição do carro, foi uma grande sensação”, disse ele, acrescentando que pediu, e entretanto já pagou, o empréstimo do carro.
Porque muitos trabalhadores BPO passam os dias a lidar com os americanos e os seus cartões de crédito, possuem um nível de conforto face às dívidas que outros indianos poderão não ter. Talvez esteja muito confortável, admite Dhamija. Possui seis cartões de crédito e efetua transferências de saldos mensais para “se manter à tona”, esquivando-se às mesmas chamadas de cobranças que a sua própria companhia faz.¹

Aqui está o exemplo perfeito de como as imagens podem enganar. Parece um cenário idílico, este, não parece? Errado. Estou num ponto turístico local, chamado Mattupetty, é sábado e toda a população anda a passear. O trânsito é infernal, existem filas, e são tantas, tantas buzinas a apitar ao mesmo tempo, que eu tirei estas fotos de cima da barragem e fui-me embora.
Um dos picos tapados pelas nuvens é o meu destino amanhã: um dia inteiro de trekking.

Camelagiri CMI Public School


¹ Kalita, S. Mitra (2005), “Hope and Toil at India’s Call Centers”, The Washington Post, 27 de Dezembro. Página consultada em 17 de Janeiro de 2010,
<https://www.washingtonpost.com/archive/politics/2005/12/27/hope-and-toil-at-indias-call-centers/2e0a2067-e79c-4352-823d-3e303337a4cc/>

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