140 – As Raízes Portuguesas no Sul da Índia & A Presença Atual

Não vou debitar os feitos históricos dos portugueses na era dos Descobrimentos, haja paciência. Vamos sim para os tempos atuais.
A mensagem da Presidência da República, exposta no seu website, é a de que a Índia tem uma população superior a 1,1 mil milhões de pessoas e foi o país que mais contribuiu para o crescimento da população mundial nos últimos 5 anos (com um crescimento médio anual de 16 milhões de habitantes). Em 2030 deverá tornar-se o país mais populoso do mundo. Com uma taxa de crescimento económico que, em termos médios anuais, deverá situar-se em torno dos 6-8% nas próximas décadas, não subsistem dúvidas sobre a relevância crescente da Índia no contexto mundial. Quer como motor do crescimento económico mundial quer como mercado potencial, a economia indiana justifica uma atenção cada vez maior na Europa e em Portugal.¹
Na prática, todavia, cinco séculos depois de Vasco da Gama chegar à Índia, Portugal não conseguiu manter as relações comerciais privilegiadas que iniciou com a Rota das Especiarias. Com exceção de uma pequena comunidade de origem portuguesa, sobretudo em Goa, com interesse em conhecer a cultura ou em aperfeiçoar a língua, pouco mais há a destacar. Uma realidade que o Presidente Cavaco Silva confirmou (…) quando disse que “Portugal chegou atrasado à Índia”.
Instituições como a Fundação Oriente, Instituto Camões ou Fundação Gulbenkian têm vindo a promover a cultura portuguesa no país, com a recuperação e conservação de património ou eventos culturais. Mesmo assim, é o ensino da língua portuguesa, cada vez mais procurado pela população universitária, que reúne mais adeptos. Os ‘call-centers’, que empregam cerca de 300 mil pessoas na Índia, são também responsáveis pelo aumento da procura, dados os crescentes contactos com empresas brasileiras, angolanas e portuguesas.
E se a cultura pode ser uma “ponte para o futuro”, como diz o ‘slogan’ presidencial, o mesmo se pode dizer da ciência. Neste campo, foi a Fundação Champalimaud que se antecipou, com o investimento num centro de investigação na Índia para combater as doenças da visão e promover a formação de médicos.²

Registem para já aquele ponto, o qual irei desenvolver numa das próximas crónicas: o fenómeno dos call centers na Índia, que empregam hoje mais de 300.000 pessoas.

A partir de agora existem à venda estas bananinhas minúsculas e com casca muito fina – e muito mais saborosas. O cacho que vêem de lado esquerdo trouxe-o comigo. Agora ando em dieta de bananas, iogurte e bolachas. Não posso comer carne, ovos e leite. À falta de melhor posso comer arroz. Arroz com nada…. No Rajastão o empregado do restaurante ainda me sugeriu um arroz de lentilhas – e mandei vir – mas que coisa mais sem graça (e eu já sabia, já é a segunda vez que me impingem um arroz de lentilhas, e é a segunda vez que fica tudo no prato). Depois esse empregado queria que eu comesse arroz com iogurte – um costume indiano e bastante conhecido, e que curiosamente tinha provado no primeiro dia na Índia, ao jantar no Imperial, em Delhi – não cheguei a comentar. É verdade, o molho para o arroz era iogurte. Eu já andava meio enjoada depois da crise gástrica, ou da insolação, ou fosse o que fosse, com estes pitéus então…
Ando a passar fome, portanto.


¹ Presidência da República Portuguesa (2007), “A Índia Hoje”. Página consultada a 4 de Janeiro de 2010, <http://www.presidencia.pt/india2007/?id_categoria=100>.

² Moura, Joana (2007), “O que pode a Cultura fazer pela Economia”, Diário Económico, 15 de Janeiro. Página consultada a 4 de Janeiro de 2010,
<https://arquivo.pt/wayback/20081026020609/http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/destaque/pt/desarrollo/728146.html>

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