136 – O Pesadelo que é a Cidade de Agra

De facto as imagens não mostram pesadelo nenhum, pois esse era de tal ordem que nem tinha paciência para fotografar, ou então iria agravá-lo mesmo: é que aqui vive-se dos turistas e das esmolas. Miúdos e graúdos tornam a vida insuportável a qualquer visitante estrangeiro. Logo à chegada, ou nos arredores próximos, a singela foto dos búfalos a banharem-se, na crónica 131, traz-me más recordações. Foi o primeiro contacto que tive com os insistentes e malcriados miúdos que perseguem as pessoas até à exaustão. Saí do carro, fotografei, e quase que tive de fugir. Existem inclusivamente cartazes afixados com recomendações para os turistas não darem esmolas de forma a não incentivar estes comportamentos.
Se não estivesse no 20º dia de viagem e eu não tivesse já conhecido outras realidades, diria que era sempre assim. Falso.
Nem o Kailash queria estar aqui, estava desejoso de ir-se embora, disse. Eu também!, exclamei. Ainda bem que estamos aqui uma tarde apenas. E quando entrei para o recinto do Taj Mahal e finalmente acabaram as perseguições dos miúdos e dos vendedores (sinceramente tive receio que mesmo lá dentro eles pagassem o bilhete e continuassem a perseguir-me, mas vá lá, não aconteceu porque os seguranças não o permitem) respirei de alívio.
E quando saí, respirei fundo e preparei-me para o que vinha aí outra vez. Na primeira foto abaixo vêem-se os riquexós que levam as pessoas para o exterior. A circulação de carros é proibida ao redor do complexo, dado que a poluição está a danificar o edifício. Também a poluição ambiental nas ribeiras do rio Yamuna, ao lado, e a chuva ácida causada pela refinaria de Mathura, uma cidade a 50 km de Agra, estão a afetá-lo. Sobreviveu quase 400 anos, esteve sob a ameaça de ataques aéreos durante as guerras, tem escapado a ataques terroristas, e agora caiem-lhe chuvas ácidas em cima que é para manter-se atualizado no tempo…
Mas voltando ao pesadelo da cidade – houve um homem novo, dos seus 25 ou 30 anos, nem sei, que me perseguiu com umas pulseiras durante todo o caminho. Nem que mas oferecesse eu quereria ficar com elas, disse-lhe eu. Eu já estava irritada, em situações normais jamais eu responderia uma coisa destas. Pensam que ele desistiu? Não desistiu. Massacram as pessoas até finalmente lhes darem dinheiro. Só para se verem livres deles, as pessoas dão-lho. Mas isso atrai um enxame de outros tantos que também querem, não é boa política.

Portanto, quem for à Índia, lembre-se disto: Agra é para estar de passagem muito rapidamente. Ver o Taj Mahal e partir. A cidade não tem nada para ver, é suja e feia. O Kailash apontava o lixo por todo o lado, desagradado. (Eu nada disse, mas lixo tenho visto em todas as cidades, não percebi bem porque destacava ele o lixo desta… Mas ele repetiu e tudo: “As outras cidades tão limpas, e chega-se a esta e é só lixo por todo o lado…”)

<< >>