116 – Dentro do Forte Amber
(Cont.)
Pubescência (12-14 anos)
A segunda fase da sua vida é marcada pela primeira menstruação. Esta mudança fisiológica é muitas vezes transtornante, pois a maior parte das raparigas têm pouco, se algum, conhecimento prévio desta ocorrência. A preparação de doces pela mãe celebra muitas vezes o aparecimento da primeira menstruação. Tias, irmãs mais velhas, ou mães educarão estas mulheres quanto às prescrições culturais de isolamento temporário em relação à família, o evitar da preparação de comida ou de servir água aos outros durante o período menstrual.
A norma cultural da Índia é que a elegibilidade para casamento depende da virgindade; a sexualidade é expressa apenas no casamento; e a conceção pré-marital não tem lugar na maior parte das comunidades. Dado que evitar a conceção pré-marital é essencial, isso resulta em severas restrições nas atividades das mulheres jovens. Porém, apesar destas expetativas culturais e restrições, as mulheres jovens têm relações sexuais pré-maritais. E são muitos os fatores que influenciam a decisão de ter relações:
Existe forte pressão para ter um namorado, por parte das amigas da mesma idade que são sexualmente ativas. Como disse uma de 15 anos a propósito de outra de 13,
Naquele tempo, nas férias de verão, apaixonei-me por um rapaz chamado Rattan. A minha amiga estava apaixonada e assim eu também tive esse desejo; pensei em ficar apaixonada por alguém. Eu gostava do Rattan, muito, e assim fui atrás dele e pedi-lhe que me amasse.
Com o advento da televisão nas áreas rurais, e a exposição a programas que falam sobretudo de amor e de relações extramaritais, estas jovens mulheres são altamente influenciáveis. A publicidade mostrada na TV inculcou-lhes igualmente o desejo de possuir produtos da modernidade. Existe ainda o desejo de atenção que não conseguem obter em casa dos pais. Todos estes fatores culminam nas raparigas a envolverem-se em relações sexuais secretas.
Uma mulher jovem respondeu, quando lhe foi perguntado, “Quais são as coisas boas em ter um namorado?”
A rapariga gosta. Gosta das pulseiras, das flores, etc., que ele lhe dá. Fá-la sentir especial. A rapariga sentirá sempre que devia casar com ele, mas sabe que isso não acontecerá. Ela mantém a relação porque o ama tanto que não pode viver sem ele. Ela fala às suas amigas sobre ele, mostra os seus presentes, e elas ficam felizes por ela.¹
(Continua na próxima crónica).
O guia que me acompanhou durante as visitas aos vários monumentos e atrações de Jaipur.
¹ Verma, Ravi K. et al (orgs.), (2004), Sexuality in the Time of AIDS: Contemporary Perspectives from Communities in India. Nova Delhi, Sage Publications India Pvt Ltd, pp 90-103. Disponível parcialmente na web em:
<http://books.google.pt/books?id=jla4Wr7a-4cC&printsec=frontcover#v=onepage&q=&f=false>.