074 – Em Viagem & a Agência Indiana de Viagens

Estou no 11º dia de viagem e vou a caminho de um resort no deserto, onde terei oportunidade de fazer um pequeno safari de camelo. O grande será mais tarde, noutra terra.

Com apenas onze dias de viagem – num total de um mês – com certeza já todos se aperceberam da sua envergadura. Ainda nem cheguei a meio e já deu para ver tanta coisa. E muito está para vir. Muito mesmo. Isto ainda não é nada.
É uma boa altura portanto para falar da agência de viagens que conseguiu organizar uma viagem deste calibre. Uma coisa é organizar viagens de grupo – pacotes pré-definidos, em que as pessoas se inscrevem e está tudo programado, ano após ano; outra coisa é chegar alguém de paraquedas, quase podemos dizer assim, e pedir-lhes: quero isto assim e assado. E só para mim, por favor.
Mais aventura é, para as agências de viagens, esta chegada de alguém de paraquedas, quando não passa de um email enviado muitos meses antes, às vezes um ano, e que nem sabem se alguma vez se concretizará, a viagem. Ou se depois ganharão a proposta. Porque isto dá trabalho.
Conforme escrito na primeira crónica (ainda se lembram da primeira crónica?…) foram consultadas 59 agências de viagens. O trabalho não é só delas, também é meu. E que trabalheira infernal. Tremo só de pensar na próxima viagem, tenho de me ir preparando psicologicamente.
Claro que os frutos desse trabalho são evidentes – são mais do que evidentes. São espetaculares.

A grande desilusão nas consultas às agências de viagens foram sem dúvida as que temos ao dispor, aqui em Portugal. Foram consultadas onze – desde as portuguesas, às espanholas, passando pelas francesas. Foram todas varridas a pente fino. Que fracasso absoluto. Se querem uma viagem à maneira (e custa-me dizer isto) não contem com o nosso mercado. Ou então contem com algo mais moderado. Afinal de contas a viagem à Patagónia foi das minhas preferidas, e essa foi com um grupo e num programa que se repete todos os anos. Mas eu já começo a querer mais. Com esta fome insaciável já não é fácil de lidar.
Logo de início correu mal, a consulta às agências em Portugal, porque não respondiam, pura e simplesmente. Nem sim, nem não. Silêncio. É um exemplo espantoso das suas competências. Têm uma cliente a questioná-los, numa viagem caríssima que lhes renderá bons lucros, e… e não respondem sequer. Começamos bem. Amiguinhos?… Alô?… Estão vivos?…
Das onze consultadas, respondem-me três. Duas ignoram completamente os requisitos solicitados (como a bicicleta e a duração da viagem) e mandam-me um programa standard, de 15 dias. Já nem sei se prefiro o silêncio. Delete.
Outra – e só pelo esforço tem mérito – responde-me com um programa à medida. Demoraram, consultaram o seu contacto na Índia, e ao fim de algum tempo enviaram-me o programa. Também ignoraram um dos principais requisitos: visitar o Taj Mahal, no norte. Puseram-me um programa muito pobre em atrações, e apenas no sul da Índia. E eu respondi-lhes: é a primeira vez que vou à Índia, e ir à Índia sem visitar o Taj Mahal, é como ir a Paris sem visitar a Torre Eiffel. Não quero. A bicicleta atrapalhou-os, sem dúvida. Só conseguiram imaginar percursos de bicicleta no sul mais tranquilo. Diziam que no Rajastão havia muito trânsito. Têm conhecimento da coisa, está visto – podemos nós dizer agora, no 11º dia de viagem, em que não tenho feito outra coisa senão passear de bicicleta.

(Continua).

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