049 – Passeio a Pé pela Vila

Ainda não falei do Bangladesh. Vou no oitavo dia de viagem, é uma boa altura para o fazer, enquanto passeio pela vila e entro nas casas de Narlai, acompanhada do seleto e educado guia de turbante. Não que eu tenha falado do Bangladesh nessa altura, nem tal me passou pela cabeça, de facto vão aperceber-se pelas fotos que tinha mais em que pensar, com tanta gente à minha volta, curiosa, todos a cumprimentarem-me. Afinal de contas eu era a única hóspede no único hotel de Narlai, e assim era a única pessoa branca, uma vez mais, em toda a vila. E Narlai não é assim tão pequena: num raio de 7 km possui uma população que andará pelas 30 mil pessoas. Pelo menos é o que diz o website http://www.fallingrain.com/world/IN/24/a/N/a/. No Census indiano de 2001 (disponível na crónica 42), Narlai não existe! Trinta mil pessoas será coisa insignificante, para eles…

Esta família veio da cidade (não me recordo qual), e vieram aqui passar uns dias para as festas do templo (o templo vê-se na foto abaixo). Ofereceram-me o doce que estavam a preparar . Pois infelizmente não pude prová-lo, pelo menos nestas circunstâncias, devia ser gastroenterite certa, mas vim a prová-lo mais tarde, com segurança, e que delicioso era.

Para irmos compreendendo melhor a Índia, falemos então do Bangladesh. Ou mais exatamente, República Popular do Bangladesh. Geograficamente, faz fronteira em todos os lados com a Índia, exceto a sudeste, onde tem uma pequena fronteira com a Birmânia, e a sul, com o Golfo de Bengala. E faz parte da região de Bengala: esta divide-se atualmente entre o Bangladesh (Bengala Oriental) e o estado federado de Bengala Ocidental, na Índia.
Desconhece-se a origem exata do nome “Bangla” ou “Bengala”: pressupõe-se que derive de “Bang”, a tribo dravidiana que ocupou a zona no ano 1.000 AC. Neste país fala-se o bengali, uma língua indo-ariana com origem no sânscrito. (Ver crónica 36 sobre dravidianos e indo-arianos, bem como as suas línguas).

Pois o Bangladesh, tal como o Paquistão, pertencia à Índia britânica. Em 1947, data da independência da Índia, foi divido entre ambos – Índia e Paquistão. A guerra da independência do Bangladesh foi uma guerra entre o Paquistão Ocidental (atual Paquistão), o Paquistão Oriental (atual Bangladesh) e a Índia. Esta guerra durou de 26 Março até 16 de Dezembro de 1971, e começou com uma revolta no Paquistão Oriental liderada por “Mukti Bahini”, um exército de libertação formado por forças civis e militares, e que muitas vezes optou pela guerrilha, sendo por isso comparado a Che Guevara. A revolta do atual Bangladesh baseava-se no descontentamento político, na descriminação linguística e na negligência económica a que diziam estar submetidos. E a 26 de Março de 1971 o Paquistão lançou uma operação militar contra bengalis civis, estudantes, intelectuais e pessoas armadas que exigiam a independência. Durante os meses seguintes a Índia deu apoio diplomático, económico e militar ao que é hoje o Bangladesh. Este apoio indiano à insurreição acabou por levar à guerra entre a Índia e o Paquistão (a Guerra Indo-Paquistanesa de 1971).
A 16 de Dezembro de 1971 o Paquistão rendeu-se às forças aliadas da Índia e do Bangladesh, tendo sido proclamada a independência deste.

O Bangladesh é presentemente o sétimo maior país do mundo em população: 156 milhões de pessoas. O país tem 144.000 km² (Portugal, por exemplo, tem 92.000), sendo que 67% são terras aráveis e 16% são florestas. É portanto um dos países mais densamente povoados do mundo. A Rússia, por exemplo, é 120 vezes maior, e tem menos população do que o Bangladesh!

Dados retirados de:
Wikipédia: <en.wikipedia.org>.
Website da CIA: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2119rank.html?countryName=Bangladesh&countryCode=bg®ionCode=sas&rank=8#bg>.
Portal do Bangladesh: <http://www.bangla2000.com/index.asp>.
Páginas consultadas em 19 de Agosto de 2009.

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