038 – Templo Jaina de Ranakpur

O jainismo possui cerca de quatro milhões de crentes e é uma das religiões mais antigas da Índia. A palavra jainismo tem as suas origens no verbo sânscrito jin que significa “conquistador”. O termo aplica-se àquelas pessoas que dominaram a sua natureza inferior, as suas paixões: luxúria, ira, orgulho e avareza são consideradas as principais.

Este templo em Ranakpur é dedicado a Adinatha, o primeiro dos 24 Tirthankaras. No jainismo, um Tirthankara é um “reformador”, um ser que conseguiu escapar ao ciclo dos renascimentos e que ensinou aos outros como poderiam também escapar desse ciclo. É um “jina”, um vencedor.
Deus no sentido de uma pessoa extra-cósmica, de um criador universal, não tem lugar na filosofia jainista. A ideia de deus nos jainistas é a alma perfeita, que é uma alma liberta. Os jainistas adoram estas almas libertas chamadas de Tirthankaras, que destruíram todos os karmas e alcançaram a salvação, como sendo o seu deus. Eles aceitam aquelas almas iluminadas apenas, que abandonaram todas as conexões mundanas, que levam uma vida de verdadeiros ascetas, que controlaram todos os seus desejos, como sendo os seus líderes espirituais.
Um Tirthankara está livre dos 18 tipos de manchas mundanas, a saber: fome, ira, desejo, senilidade, nascimento, morte, medo, orgulho, apego, aversão, paixão cega, aborrecimento, arrogância, ódio, mal-estar, suor, sono e surpresa.

Ainda hoje indianistas distintos pensam que o jainismo foi um movimento religioso contemporâneo do budismo e que o seu fundador teria sido Mahavira (o 24º reformador ou Tirthankara). Tanto ele como Buda, ambos da casta dos reis e dos guerreiros, se teriam rebelado contra a tirania hinduísta dos brâmanes e teriam cada um formado um movimento de reforma religiosa. O ponto comum entre ambas as religiões – jainismo e budismo – é que não existe um deus como figura central.

Os jainas cumprem a prática absoluta e irrestrita de “ahimsa” (não-violência) que tem o seu ponto forte na alimentação: não comer carne de nenhum tipo nem proteína animal, não comer certos vegetais (cebola e alho) os quais se acredita serem de origem inferior e não usar nenhum produto cuja matéria-prima ou qualquer componente tenha origem animal.

Comunica-me com os nervos deixar as sandálias algures, e comunica-me também com os nervos andar descalça, por onde todos andam descalços, sabe-se lá com que hábitos de higiene. Lá mais para a frente, já eu andava batida nestas coisas de templos, cheguei mesmo a recusar-me a entrar. Paciência, já vi muitos templos, este não visitarei.
E neste nem sequer a água eu pude levar. (Que me desculpem os mais religiosos, mas eu considero estas restrições um disparate). Bom. Se queres visitar o templo jainista, Rute, cumpre os seus preceitos, aguenta-te vinte ou trinta minutos sem beber, se fazes favor, apesar dos quarenta e tal graus.
Lá deixei as sandálias e a água. E lá fui, sedenta.
Quando voltei tinha três mil sandálias à volta das minhas, com o pachorrento guarda a tomar conta delas. Fui a primeira cliente a chegar, está visto… De facto o templo só abria aos turistas da parte da tarde.

Monge jainista. E eu disse-lhe que era muito bonito. Riu-se, o monge jainista, com estas minhas palavras. (Para quem acompanhou as crónicas do Porto: não podem ser sempre eles a dizer-me isto, de vez em quando tenho de retribuir…)

Ou se calhar ele estava a rir-se da minha camisa de dormir… Já nem sei se prefiro o vestido às bolas da mesquita Jamma… Que vestimentas que eles arranjam…

Este templo foi construído no século XV. Possui 1.444 colunas todas minuciosamente esculpidas, não existindo duas iguais.

Aqui apanhei um susto tão grande… Num canto escondido do templo, da parte de fora, vi estes macacos. Lentamente aproximei-me. Não se via ninguém. Eis que um macaco enorme dá um grito, mas um valente grito, e salta-me para cima. Fiquei paralisada.
Não – afinal não pousou em mim – passou-me por cima e aterrou num muro imediatamente atrás de mim.
Foi com as pernas a tremer que me pisguei dali a toda a velocidade. Nem era um macaco, era quase um gorila, ainda por cima deu um grito que parecia um Tarzan, mesmo a voar por cima de mim. Nem quero imaginar se um bicho destes me atacasse.

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