118 – Entardecer em Pequim
Praça Tiananmen. Atravessei-a de corrida, pois são quase cinco da tarde e eu ainda nem almocei. Comi uma barra de cereais que levei comigo na bolsa à cintura. Uma pessoa consegue lá perder tempo para comer. Onde é que há um restaurante? É preciso fazer sei lá quantos quilómetros a pé, e as atrações fecham todas cedo, por volta das 5 da tarde. Ir e voltar a pé, nestas distâncias gigantes até um restaurante seria o suficiente para eu perder a entrada no Museu, por exemplo, pois já estaria a fechar quando eu voltasse e conseguisse passar as enormes filas e os controlos dos raios-x. Volto a lembrar que todos os caminhos estão definidos: há grades para orientar os rebanhos (agora é que me sinto literalmente uma ovelha encaracolada), os quais vão enfileirados até passarem nos raios-x e entrarem nas atrações, nomeadamente na Praça Tiananmen, a qual dá acesso a outras atrações, como o Museu Nacional da China, o Grande Salão do Povo ou o Mausoléu do Mao Tse Tung. São milhares e milhares de pessoas, tudo muito bem organizado e enfileirado.
Em Pequim tudo é gigante. Fazem-se quilómetros a andar. Uma bicicleta dá muito jeito, no entanto as bicicletas só podem andar na estrada. Aqui dentro só andam pedestres. É difícil de gerir a coisa.
Aqui comprei um bolo de feijão vermelho. Será a minha sobremesa ao jantar.
Uns deliciosos noodles de porco, que me reconfortaram dos imensos quilómetros a pé feitos hoje, e já com os pés feridos nos tornozelos, devido às chuvadas torrenciais desta manhã. Voltei ao restaurante da véspera, onde jantei, perto do meu hotel.
Mas o dia ainda vai a meio. São 5 da tarde. Hoje tenho teatro. Tenho um bilhete para um teatro onde vai ser representada Ópera Chinesa. Comprei-o através da internet, em Lisboa, antes de vir para cá. A peça é às 19.30h e ainda tenho de descobrir onde é o teatro. Sei que é para aqui perto.
Pois enganei-me ao encomendar os pratos. Pensava que um era só porco, pelo que mandei vir a esparguete com legumes, à parte, para acompanhar. Afinal o porco já vem com esparguete. Naturalmente que não consegui comer dois pratos, acabei por deixar o dos legumes. A senhora, que me reconheceu da véspera, perguntou-me (por gestos) o que se passava. Fiz-lhe sinal de que estou muito cheia e não consigo comer mais. E ainda tenho o bolo de feijão como sobremesa. É a minha única refeição do dia, vai fazer de almoço e de jantar, tenho de comer bem para aguentar esta pedalada.