113 – Adeus Yunnan! Chegada a Pequim
Às 7.45h o motorista Nong Bu e a guia vieram buscar-me ao hotel. Pela primeira vez amanhece com sol. Levámos uma hora a chegar ao aeroporto. Tomei o pequeno almoço no carro – um bolo comprado na véspera, e um pacote de leite com pedaços de morango.
Aeroporto de Dali. Aqui foi a despedida do motorista Nong Bu e da guia. O Nong Bu, que tanto me apoiou durante esta viagem. Era ele que se ria e me dava o sinal de ok, com o polegar, sempre que eu aparecia vinda sabe-se lá de onde, por aqueles caminhos.
Às 9 da manhã o aeroporto está vazio, mas daqui a pouco vai ficar empanturrado. E com muitas crianças, tal como aconteceu no aeroporto de Lijiang, à chegada.
Cerca do meio dia, com atrasos da Air China em todos os voos domésticos (daqui só partem voos domésticos) as pessoas começaram a comprar baldes de comida seca, daquela que se mistura com água quente. A água a ferver está disponível no aeroporto, em máquinas próprias. Todo o aeroporto se encheu com o cheiro da comida reidratada ali no momento, fumegante.
Toda a gente está agarrada aos telemóveis. Todas as crianças brincam com os telemóveis. Com músicas e barulhos ruidosos. Exceto este garoto, que passou um tempo considerável a ler este livro. Em silêncio. E não é banda desenhada. Tive de esforçar-me para não fixá-lo insistentemente, curiosa. Este vai ser o próximo cientista chinês a ganhar um prémio qualquer internacional, quando for adulto, está visto.
O avião partiu com duas horas de atraso, pelo que estive 4,5h no aeroporto. Um horror. Durante três horas agarrei-me ao ipod e ouvi uma dose de música clássica que foi obra, para matar saudades. Hoje é o 21º dia de viagem. Só tenho ouvido música chinesa praticamente. Senti vontade nítida de regressar às minhas origens musicais, pelo que ouvi uma dose de três horas e matei saudades do Beethoven, do Vivaldi, e de outros que tais. Sou a única ocidental entre várias centenas de pessoas no aeroporto, durante estas 4,5h.
À hora de almoço surgiu uma mensagem nos altifalantes – oferecem um balde de comida seca aos passageiros do meu voo, devido ao atraso. Não me apeteceu, não fui buscar. Quatro horas e meia num aeroporto tira-me a vontade de tudo. O voo durou 3,5h. E as refeições – neste e nos outros aviões chineses – foram sempre iguais: arroz com galinha ou vaca. Neste ainda vou ter um pão com manteiga e uma papa de um fruto vermelho, tipo cereja. Mas não são cerejas, parece-me. Já no supermercado em Lijiang vi iogurtes daquele fruto.
Estão 34 graus, maravilhoso. O plano é apanhar o comboio “Airport Express” até Dongzhimen. Aqui apanho um táxi até ao hotel. Mas o trânsito em Pequim – ou qualquer outra grande metrópole – é famoso. Ainda por cima cheguei à hora de ponta de uma sexta-feira. Eu não quero passar duas horas fechada num táxi, no meio do trânsito. A menina vai continuar a viagem de metro – disse eu a mim própria, traumatizada com um dia inteiro de viagens e aeroportos.