083 – Paragem para Almoço

Tenho agora 40 km feitos. É altura de almoçar e parámos neste restaurante, no caminho. Estou a esforçar-me por evitar os fritos e comer só alimentos cozidos (grelhados não há), mas é uma missão quase impossível. Vi cozinhar tudo, andei entretida a tirar fotografias. Não sinto qualquer cansaço, e é bom que não sinta, porque ainda tenho 38 km pela frente. De qualquer forma estou com a bicicleta elétrica, essa então não provoca qualquer cansaço, mesmo no modo mais baixo de consumo, o “económico”. Esta bicicleta tem todavia um senão. Não há bela sem senão. Esta bicicleta quase que não tem travões. E com o uso que lhe vou dar hoje, ainda pior vai ficar. Devia ter feito a descida dos 15 km esburacados na minha normal, para poupar a elétrica. Mas eu ainda não sabia destas coisas. Não sabia que a bicicleta iria perder quase totalmente os travões, que eu iria quase chocar com um carro por não conseguir travar, e que em breve teria de voltar à minha bicicleta normal, mais vagarosa, mas com uns travões impecáveis. Anda lá, Rute, vai almoçar e continua na ignorância do que vai passar-se.

Tudo foi frito exceto o arroz e a sopa. Não vale a pena dizer que só posso comer cozidos. Até os brócolos fritaram. Cozer os alimentos em água deve ser algo inimaginável. Os ovos mexidos com tomate estavam deliciosos (e picantes), mas com imensa gordura, a nadar em óleo. Estava tudo delicioso? Sim, estava. Sem dúvida nenhuma que estava. Tudo muito bem temperado. Mas um estômago já meio frágil com esta súbita e permanente mudança de alimentação gosta de fritos bem temperados? Não, não gosta. Mas felizmente não protestou. Os últimos dias na Casa de Hóspedes da Garganta do Salto do Tigre fizeram-no recuperar bem. Sim senhor, bonito estômago, come e cala.

E repare-se no rolo de papel higiénico em cima da mesa. (Sobre este tema, remeto para as crónicas  13, 26, 37, 48 e 51!!), mas não vale a pena voltarem atrás: não existem guardanapos na China.

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