077 – Subindo no Meio das Brumas
Parecia uma aparição. No meio do nada, no silêncio, nas alturas, nas brumas. Ali está ele, sentado, a pastar a sua vaca. E ainda me sorriu.
Até faz fresco, mas a subida põe qualquer um a transpirar. Por baixo tenho uma t-shirt de alças, preparada para eventuais calores que aí venham.
A certa altura, no meio das árvores, algo me tocou com força no ombro. Dei um grito com o susto que apanhei. No meio deste deserto quem é que está a bater-me no ombro? A senhora que ia comigo – foi sempre à minha frente – deu um salto também e ia atirar a mala para o chão, preparada para vir socorrer-me, pensando que eu ia resvalar por ali abaixo. Não, não estou a cair, mas alguém agarrou-me no ombro!
Rapidamente constatámos que foi um ramo pendurado na árvore, talvez hera, que rasou no ombro. Se calhar até caiu no momento, e bateu-me. Silêncio, brumas, e alguém me bate no ombro. Foi uma cena digna de um filme de terror, e fez-nos rir à gargalhada às duas, quando percebemos o que se passou. O meu grito deve ter ecoado ali ao redor. Ela desviou o ramo, o qual tinha cerca de dois centímetros de diâmetro, para que ninguém mais batesse nele à passagem.
Mas quem é que mora aqui?… Quem é que vem morar para tão longe de tudo?… Subir e descer esta montanha cada vez que precisa de algo na vila… Ou se calhar não compram nada, são autossuficientes… Não terão crianças na escola, por exemplo…